ATA DA QUADRAGÉSIMA OITAVA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA QUARTA LEGISLATURA, EM 05-6-2008.

 


Aos cinco dias do mês de junho do ano de dois mil e oito, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze minutos, foi realizada a segunda chamada, respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Aldacir Oliboni, Bernardino Vendruscolo, Beto Moesch, Claudio Sebenelo, Ervino Besson, Guilherme Barbosa, Haroldo de Souza, João Antonio Dib, João Carlos Nedel, Margarete Moraes, Maristela Maffei, Professor Garcia e Sofia Cavedon. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Alceu Brasinha, Carlos Comassetto, Dr. Goulart, Dr. Raul, Elias Vidal, Elói Guimarães, João Bosco Vaz, José Ismael Heinen, Luiz Braz, Maria Celeste, Maria Luiza, Maristela Meneghetti, Maurício Dziedricki, Mauro Zacher, Neuza Canabarro, Nilo Santos, Sebastião Melo e Valdir Caetano. À MESA, foram encaminhados: pelo Vereador João Carlos Nedel, o Projeto de Lei do Legislativo nº 103/08 (Processo nº 2747/08); pelo Vereador José Ismael Heinen, o Projeto de Lei do Legislativo nº 143/08 (Processo nº 3566/08); pela Vereadora Margarete Moraes, o Projeto de Decreto Legislativo nº 004/08 (Processo nº 3114/08); pela Vereadora Maria Luiza, o Projeto de Lei do Legislativo nº 130/08 (Processo nº 3222/08); pelo Vereador Mauro Zacher, o Projeto de Lei do Legislativo nº 113/08 (Processo nº 2866/08). Na ocasião, foi apregoado o Memorando nº 095/08, deferido pelo Senhor Presidente, de autoria do Vereador Beto Moesch, solicitando autorização para representar externamente este Legislativo, no corrente mês, nos seguintes eventos, integrantes da 24ª Semana do Meio Ambiente de Porto Alegre: lançamento do Programa Porto Visual Alegre e do Manual do Lojista, sobre poluição visual, ocorrido no dia três, às dez horas; debate sobre Construções Sustentáveis, ocorrido no dia quatro, às dezoito horas; Projeto Árvore é Vida, plantio simultâneo de árvores nativas em diversos Municípios, programado para hoje, às quinze horas; debate sobre Arborização Urbana e Sustentabilidade, programado para amanhã, às dezoito horas; e 7º Passeio Ciclístico Preserve o Morro do Osso, programado para o dia oito, às dez horas, todos em Porto Alegre. Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios nos 1459/08, do Senhor Valdemir Colla, Superintendente Regional da Caixa Econômica Federal – CEF –; 408621, 454909, 459153, 521481 e 538262/08, do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. Após, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Frei Luiz Sebastião Turra, Pároco da Paróquia Santo Antônio do Partenon, que convidou os presentes para a Festa de Santo Antônio, a ser realizada no dia treze de junho do corrente, divulgando atividades que integrarão esse evento, em especial a procissão luminosa, com início programado para as vinte horas. Nesse sentido, pronunciou-se sobre a história da Paróquia de Santo Antônio do Partenon, enfatizando que neste mês se inicia o tríduo de preparação ao centenário de oficialização dessa Paróquia, a ser comemorado no ano de dois mil e onze. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os Vereadores Professor Garcia, Maristela Maffei, Aldacir Oliboni, Ervino Besson e João Carlos Nedel manifestaram-se acerca do assunto tratado durante a Tribuna Popular. Na ocasião, o Senhor Presidente registrou a presença, neste Plenário, do ex-Governador Alceu de Deus Collares. A seguir, constatada a existência de quórum deliberativo, foi aprovado Requerimento verbal de autoria do Vereador João Carlos Nedel, solicitando alteração na ordem dos trabalhos, iniciando-se o período de COMUNICAÇÕES, hoje destinado a assinalar o transcurso do centésimo aniversário da Madre Iná Canabarro Lucas, nos termos do Requerimento nº 047/08 (Processo nº 3467/08), de autoria do Vereador Claudio Sebenelo. Compuseram a Mesa: os Vereadores Sebastião Melo, Claudio Sebenelo e Ervino Besson, respectivamente Presidente, 1º Vice-Presidente e 1º Secretário da Câmara Municipal de Porto Alegre; o Senhor Alceu Collares, ex-Governador do Estado do Rio Grande do Sul; a Madre Iná Canabarro Lucas, Homenageada. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Claudio Sebenelo discorreu sobre a vida de Madre Iná Canabarro Lucas, citando seu nascimento, em mil novecentos e oito, no Município de São Francisco de Assis, e a transferência para Santana do Livramento, aos doze anos, quando iniciou a vida religiosa como membro da Ordem de Santa Teresa de Jesus. Da mesma forma, elogiou a atuação da Homenageada como educadora, destacando ser ela um modelo de fé, trabalho e amor pela vida. A Vereadora Neuza Canabarro, informando ser sobrinha-neta da Madre Iná Canabarro Lucas, considerou a Homenageada exemplo de ousadia e força no enfrentamento de desafios e de crença na capacidade de auto-superação do ser humano. Ainda, avaliou a influência exercida pelo professor na formação da personalidade do aluno, comparando a dedicação da Homenageada à vida religiosa com a capacidade de perseverança e fé observada nas ações de Madre Teresa de Calcutá. O Vereador Aldacir Oliboni analisou a importância do trabalho desenvolvido pelas congregações religiosas nas áreas de educação e assistência social, enfocando a liderança exercida pelos religiosos em movimentos comunitários por mais cidadania e melhor qualidade de vida. Também, cumprimentou Madre Iná Canabarro Lucas, frisando que a presente solenidade reflete o agradecimento desta Casa à atuação da Homenageada em prol da população gaúcha e, em especial, de Porto Alegre. O Vereador Elói Guimarães parabenizou Madre Iná Canabarro Lucas pela passagem de seu aniversário, aludindo à extensa e complexa carga de experiências que possui essa religiosa, resultante da diversidade de situações pessoais e sociais com as quais conviveu ao longo de sua existência. Nesse sentido, lembrou diferentes gerações que receberam os ensinamentos e foram fortalecidas pelo exemplo e pela sabedoria característicos da atuação da Homenageada como religiosa e educadora. A seguir, o Senhor Presidente concedeu a palavra a Madre Iná Canabarro Lucas, que agradeceu a homenagem hoje prestada pela Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quinze horas e vinte e quatro minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às quinze horas e vinte e sete minutos, constatada a existência de quórum. Em COMUNICAÇÕES, o Vereador Haroldo de Souza traçou um comparativo entre os gastos públicos feitos pelo Brasil, pela Noruega e pela África do Sul, afirmando que a qualidade dos serviços colocados à disposição da população brasileira está aquém do que deveria ser, considerando-se o volume de despesas efetuadas. Também, analisou a conjuntura política ora observada no Estado do Rio Grande do Sul, defendendo a adoção de medidas destinadas a qualificar a atuação dos detentores de cargos públicos. O Vereador Beto Moesch registrou o transcurso, hoje, do Dia Mundial do Meio Ambiente. Ainda, historiou ações de iniciativa de Sua Excelência, colocadas em prática no período em que exerceu o cargo de Secretário Municipal do Meio Ambiente, especialmente no que tange ao combate à instalação de loteamentos habitacionais clandestinos no bairro Ponta Grossa e à preservação do ambiente natural do Morro do Osso, ambos situados na Zona Sul da Capital. A Vereadora Sofia Cavedon externou sua contrariedade às políticas de gestão atualmente implementadas na área da educação pelas Senhoras Yeda Crusius e Mariza Abreu, respectivamente Governadora e Secretária Estadual da Educação do Estado do Rio Grande do Sul, criticando os termos de funcionamento dos programas intitulados “Boa Escola para Todos” e “Professor Nota Dez” e afirmando que tais ações estão causando prejuízos à qualidade do ensino público provido pelo Estado. A seguir, constatada a existência de quórum deliberativo, foi aprovado Requerimento verbal formulado pelo Vereador Professor Garcia, solicitando alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão, iniciando-se a ORDEM DO DIA. Em Votação, foi aprovado o Projeto de Lei do Executivo nº 026/08. Em prosseguimento, foi apregoado Memorando nº 021/08, deferido pelo Senhor Presidente, de autoria do Vereador José Ismael Heinen, solicitando autorização para representar externamente este Legislativo, no dia sete de junho do corrente, na formatura dos novos capitães da Brigada Militar, às nove horas e trinta minutos, no Estádio General Cipriano da Academia de Polícia Militar, em Porto Alegre. Após, o Senhor Presidente declarou encerrada a Ordem do Dia. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Ervino Besson registrou sua participação na cerimônia de lançamento do Programa Porto Visual Alegre e do Manual do Lojista, sobre poluição visual, ocorrido na manhã de hoje, na Praça Piratini. Também, apoiou o Projeto de Lei do Legislativo nº 061/07, que obriga os grandes supermercados e estabelecimentos comerciais a utilizarem sacolas e sacos de material reciclado, e referiu-se a ações do Executivo Municipal, no sentido de promover a limpeza de arroios localizados na Cidade. O Vereador Elói Guimarães cumprimentou o Vereador Sebastião Melo por sua participação, em audiência realizada ontem com o Senador Garibaldi Alves, Presidente do Senado Federal, destinada a demonstrar os prejuízos decorrentes da possível aprovação de Proposta de Emenda Constitucional que prevê a criação de novos cargos de Vereador em todo o País. Ainda, discursou sobre o transcurso, no dia de hoje, do Dia Mundial do Meio Ambiente, destacando a importância da defesa do ambiente natural de Porto Alegre. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Carlos Comassetto criticou as políticas públicas implementadas pelo Executivo Municipal na área da proteção ambiental, afirmando haver falta de fiscalização quanto à instalação de loteamentos imobiliários e deficiências na gestão das praças e parques situados na Cidade. Também, pronunciou-se sobre as denúncias de irregularidades e de desvios de verbas públicas no Departamento Estadual de Trânsito – DETRAN. O Vereador Dr. Raul registrou o transcurso, amanhã, do Dia Nacional do Queimado, enaltecendo o trabalho da Associação Nacional de Queimaduras na formação e qualificação de médicos especializados no tratamento desse problema e salientando a necessidade de que hospitais sejam melhor equipados para o atendimento de vítimas de queimaduras. Ainda, cobrou do Poder Executivo fiscalização do cumprimento da Lei Municipal que determina a disponibilização de sanitários para clientes de agências bancárias. O Vereador João Antonio Dib rechaçou a forma como foi encerrada a Ordem do Dia da Sessão Ordinária de ontem, em função de falta de quórum deliberativo. Além disso, contraditando o pronunciamento do Vereador Carlos Comassetto, em Comunicação de Líder, discorreu acerca de temas relativos à conservação de morros em Porto Alegre, ao envolvimento de integrantes de partidos políticos em atividades ilícitas e à qualidade do trabalho desenvolvido pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente. O Vereador Luiz Braz defendeu a adoção de maior isenção quando da discussão sobre o envolvimento de agentes públicos em casos de corrupção, sustentando que aspectos político-partidários não devem influenciar o enfoque dado a cada caso pelos Senhores Vereadores. Sobre o tema, mencionou denúncias de envolvimento de integrantes do Partido dos Trabalhadores com o desvio de verbas públicas e outras irregularidades no Congresso Nacional e em Porto Alegre. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, pela oposição, a Vereadora Maristela Maffei considerou avançada a legislação ambiental de Porto Alegre, afirmando, no entanto, que essas disposições não são aplicadas em sua totalidade. Também, formulou questionamentos relativos à legalidade, à organicidade e à quantidade de informações a que têm acesso os Vereadores sobre projetos que interferirão nas paisagens do bairro Lomba do Pinheiro e da orla do lago Guaíba. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador José Ismael Heinen comentou o desmatamento que vem sofrendo a Amazônia, atribuindo à incapacidade do Brasil no combate a esse processo as manifestações de entidades estrangeiras no sentido de internacionalização da ingerência sobre a preservação dessa região. Ainda, manifestou preocupação com organizações não governamentais que, segundo Sua Excelência, estão se apropriando de partes da Amazônia sob o pretexto de auxiliar comunidades lá existentes. Às dezessete horas e dois minutos, constatada a inexistência de quórum, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima segunda-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Sebastião Melo, Claudio Sebenelo, Ervino Besson e Aldacir Oliboni e secretariados pelo Vereador Ervino Besson. Do que eu, Ervino Besson, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata, que, após distribuída e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Passamos à

 

TRIBUNA POPULAR

 

O Frei Luiz Sebastião Turra, representando a Paróquia Santo Antônio do Partenon, está com a palavra, pelo tempo regimental de 10 minutos, para tratar de assunto relativo à Festa e à Procissão de Santo Antônio, em 13 de junho.

 

O SR. LUIZ SEBASTIÃO TURRA: Em nome das lideranças - sempre atuantes e dedicadas - da Paróquia Santo Antônio do Partenon, em nome também dos Confrades Capuchinhos, presentes e atuantes no ensino e nas mais diversas pastorais, eu quero trazer a todos e a todas a saudação franciscana de Paz e Bem, de modo muito especial ao Presidente, neste ato, Sr. Claudio Sebenelo, e também ao Vereador requerente deste espaço, Sr. Ver. Professor Garcia, e, num parêntese inicial, eu queria também trazer, em nome da Paróquia e da Família religiosa dos Capuchinhos, um grande abraço à jovem centenária, Irmã Iná, que no dia de hoje vai ser homenageada. (Palmas.)

As festividades de Santo Antônio de 2008, iniciadas com a trezena desde o dia 11 de março, com a presença tão querida do Frei Irineu Costella, até o dia 3 de junho - já encerramos - bem como as demais atividades sociais e religiosas até o dia 13, trazem a marca motivadora do primeiro ano do tríduo de três anos em preparação ao centenário de oficialização da Paróquia Santo Antonio do Partenon. Este ano, com o início na trezena, começamos o tríduo de três anos.

A 30 de agosto de 1911, a nova paróquia nascia de uma parte do território da Paróquia Menino Deus e da Paróquia do Rosário. Atendia toda a região onde hoje estão as Paróquias São Francisco, São Judas Tadeu, parte da Paróquia Santa Cecília, Murialdo, etc...Evidentemente, a configuração da cidade de Porto Alegre naquele tempo era bem outra. Um dos livros de história, referindo-se ao local da atual Paróquia, dizia: “A quatro quilômetros de Porto Alegre, na parte leste, surge a encantadora colina que leva o nome poético de Partenon, em memória do Partenon de Atenas”. Nós queremos evocar, neste momento, uma palavra muito significativa de Santa Clara de Assis, dirigida à Santa Inês de Praga, ela dizia assim: “Não se pode perder de vista o ponto de partida, porém, sempre olhando para frente e caminhando para o futuro”. Com o andar da história, a Igreja Santo Antônio do Partenon foi se tornando um centro devocional, religioso e convidativo em evidência. Para isso, nós queremos destacar com saudosa memória, mas também com muito carinho atual, a contribuição do Frei Bernardino d’Apremont, Frei Germano de Sainte Sixt, Frei Antônio Bampi, Frei Bernardo Cansi, Frei Ângelo Costella, que vive ainda conosco, Frei Irineu Costella, o Frei Carlos Raimundo Rockembach, e tantos leigos e leigas que assumiram juntos essa missão apostólica no morro Santo Antônio. Agora, neste momento, nós começamos o tríduo de três anos rumo ao ano 2011. Sem dúvida alguma, temos consciência que este é um momento diferente, é um momento de intensa provocação. A melhor homenagem ao passado não é nos fixarmos nele, mas assumir a herança que nos vem sendo deixada para investir numa organização que responda aos grandes desafios dos tempos atuais. Estamos, como todos sabemos, dentro de um processo de mudanças rápidas, profundas e globais. Temos, para este momento de mudança, novas ferramentas que nos são oferecidas pelos documentos da Igreja, pelas Encíclicas dos últimos Papas, o excelente documento da 5ª Conferência do Celam - Conselho Episcopal Latino-Americano -, acontecida em Aparecida, e as recém-emanadas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, aprovadas em abril deste ano para o próximo triênio.

Queremos, penso não ser nenhuma ousadia, chegar a 2011 com o edifício do Santuário Santo Antônio do Partenon, a praça e a estrutura de apoio, toda de roupa nova. Mas junto a esse processo de restauração estrutural, temos consciência de que precisa acontecer um processo de intensa evangelização, de renovação espiritual e de promoção humana. E, como já vem acontecendo, também necessitamos garantir a caridade organizada, coordenada pela Ação Solidária Santo Antônio, que, junto às mais de 200 cestas básicas mensais, procura garantir a visitação e formação dos destinatários. E o que é mais importante, em parceria com a Associação Literária São Boaventura e um grupo de voluntários e voluntárias, desejamos continuar organizando e realizando cursos de promoção humana, de inclusão, curso de informática, de inglês, artes domésticas, atividades esportivas e o projeto de consolidação e atendimento desenvolvido junto às mães e gestantes da nossa periferia. Neste campo da caridade organizada, também evocamos aqui o promissor trabalho do Centro de Convivência Santa Clara, Casa de Passagem - sonho do Frei Irineu e realização, agora, de um grupo de frades, de voluntários que levam adiante esse trabalho, consolidando esse projeto - que atende um grande número de idosos e idosas em diversas necessidades e iniciativas artesanais.

Amigos, irmãos, irmãs, nós queremos desejar, intensamente, que esta Sessão da Câmara Municipal seja mais um elo de sintonia nesta significativa caminhada que, juntos, nós desejamos fazer com Santo Antônio, pois, como é o lema deste ano: “Com Santo Antônio, escolhemos e promovemos a vida”. E nós até convidamos os amigos da comunidade para cantarmos o refrão: “Com Santo Antônio,/escolhemos e promovemos a vida./Com Santo Antônio,/escolhemos e promovemos a vida.”

E, agora, nós queremos passar, numa linguagem muito simples, mas simbólica, a bênção do Pão de Santo Antônio e, em seguida, será distribuído a todos os presentes. Eu quero invocar, então, a bênção ao Pão de Santo Antônio:

“Pai nosso que estais no Céu, santificado seja o vosso nome, vem a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos têm ofendido, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.”

“Deus onipotente, por intercessão de Santo Antônio, invocamos a bênção sobre este pão que vai ser partilhado num gesto de solidariedade. Abençoai este pão, todos os que o receberem, para que vivamos na abundância de vida e, ao mesmo tempo, solidários em todos os mecanismos que promovem a vida, e vida em abundância. Sobre este pão, desça copiosa bênção de Deus todo poderoso. Pai, Filho e Espírito Santo, Amém. Paz e Bem!”

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Muito obrigado, Frei Luiz Sebastião Turra. Eu peço a gentileza de sentar, aqui, à Mesa, conosco.

O Ver. Professor Garcia, Líder do Governo nesta Casa, está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. PROFESSOR GARCIA: Prezado Presidente, Ver. Claudio Sebenelo; prezado Frei Luiz Sebastião Turra, quero dizer que, pelo 10º ano consecutivo, fico muito feliz que a nossa paróquia, a Paróquia de Santo Antônio, esteja aqui na Casa.

Ao mesmo tempo, quero dar-lhe os parabéns, porque será o primeiro ano em que o senhor vai estar à frente da Paróquia no próximo dia 13 de junho. Quero também saudar o Frei José Luiz Andrade dos Santos, o Frei Maximino Tessaro, o Frei Ademir e o Frei Rovílio, e também o presidente do Conselho Pastoral; o Conselho Paroquial, o Elimar e a Cléia, bem como o Carlinhos, a Sueli e a Vera Lúcia Bilhar; os representantes pastorais, o Apostolado da Oração, a Amantina e a Marlene; a Pastoral do Pão, que está distribuindo os pãezinhos, a Teresinha e a Zélia; os Singulares com Cristo, a Teresinha; o Ministério da Bênção; os guardiães, o Doro e a Marlene; a Pastoral da Saúde; a Liturgia, a Neiva, o Moisés e a Eni; a Pastoral do Batismo, o Doro; a Pastoral do Coral, a Adélia e a Neiva.

Quero convidar todos os Vereadores e a população em geral para participarem das festividades no dia 13 - haverá missa de hora em hora, como é tradição, bem como as procissões -, e desejar que, cada vez mais, inspirados na figura de Santo Antônio, possamos crescer como políticos e como cidadãos. Parabéns por este ano valorizar o tema: “Escolhemos e Promovemos a Vida”. Paz e bem, Frei! Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Muito obrigado, Ver. Professor Garcia.

A Verª Maristela Maffei está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, prezado e querido amigo Frei Luiz Sebastião Turra, tio do nosso querido Deputado Federal Beto Albuquerque, quero lembrar aqui das pessoas queridas nossas e também esta data em que comemoramos o centenário desta pessoa que realiza um trabalho que anima a nossa alma e eleva o nosso espírito, a Irmã Iná. Seja muito bem-vinda a esta Casa. Quero dar um abraço especial e, em nome da Marlene, beijar todas as meninas que trabalham todos os dias lá na Igreja Santo Antonio; essas meninas eternas que estão sempre junto conosco, que vêm a esta Casa e trazem o pão abençoado para compartilhar com todos nós.

Nós acreditamos, Frei Turra, que tudo aquilo que traz a fraternidade e que é partilhado e compartilhado deve ser sempre um fruto sagrado, porque é assim que nós cremos no Reino, o Reino na terra e o Reino que nós tanto esperamos e almejamos para quando estivermos ao lado do Pai.

Por isso, sejam sempre bem-vindos, e com certeza lembramos aqui do Frei Franciscano Arno, que nos deixou, mas que, espiritualmente, deve estar aqui conosco, nos animando nesta caminhada, que é árdua, mas que, quando compartilhada, vale a pena.

Seja bem-vindo; paz e bem, amigo Franciscano que partilha essa luta junto com todos nós. Obrigada.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ALDACIR OLIBONI: Nobre Presidente dos trabalhos, Ver. Sebenelo, queremos fazer uma saudação a todos, aqui, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores - Verª Sofia, Verª Margarete Moraes, Ver. José Valdir, Ver. Guilherme Barbosa, que estão aqui presentes - e dos demais colegas. Queremos falar da enorme alegria de poder nos solidarizar com esse evento tão importante para a cidade de Porto Alegre. Essa esperança e essa mudança sobre a qual o Frei Luiz Sebastião Turra acaba de falar aqui talvez se traduza, hoje, num apelo que a sociedade faz para que o jovem também participe das atividades religiosas. Se observarmos, os grandes freqüentadores, os promotores da fé e da esperança, hoje, possuem uma certa idade, e percebemos a falta do jovem também envolvido na igreja, nos cultos, nas procissões, nas reflexões, nos retiros, nos festejos. De fato é preciso que a Igreja continue pregando essa boa nova, com esperança, e que, através da fé, possamos fazer o que Santo Antonio fez - refiro-me não somente ao Santo Antônio Casamenteiro, mas ao homem que promoveu a fé, a esperança, a alegria, e que hoje atrai, da sociedade, centenas, milhares de pessoas.

A Bancada do PT não só se solidariza com tudo isso, como também, acima de tudo, registra esse apelo da comunidade no sentido de que o jovem deixe um pouco o computador, o jogo de videogame de lado, e venha fazer a reflexão com todos os cidadãos e cidadãs que hoje estão conosco. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): O Ver. Ervino Besson está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. ERVINO BESSON: Meu caro Presidente dos trabalhos, Ver. Sebenelo, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, em nome da Bancada do PDT - em meu nome e do Ver. João Bosco Vaz, do Ver. Nereu D’Avila, do Ver. Mauro Zacher e da Verª Neuza Canabarro -, também quero incluir a nossa saudação ao sempre querido ex-Governador do Estado Dr. Alceu de Deus Collares, que se encontra aqui com a gente, prestando esta homenagem. Nosso caro Frei Luiz Sebastião Turra, pároco da Igreja Santo Antonio, a história da Igreja Santo Antonio sempre demonstrou o seu trabalho pela fé, pela esperança, pelo respeito e pela promoção do ser humano. Pois a Casa se sente muito honrada em receber sempre essa palavra amiga, essa mensagem amiga da Paróquia Santo Antonio. Na sua benção dos pães, nosso alimento mais sagrado do dia, o Frei falou “escolhemos e promovemos a vida”. Que bela frase! Parabéns, e que isso sirva para nós, Vereadores, também, pois estamos vendo um exemplo de trabalho, de respeito e de honestidade com o nosso povo. Fica aqui também, mais uma vez, em nome da Bancada do PDT, o nosso abraço à Paróquia, aos freis, aos irmãos, enfim, a toda aquela equipe que compõe a Paróquia; vocês conseguem promover grandes festas com uma grande família. Que Deus ilumine cada vez mais essa caminhada de todos. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Obrigado, Ver. Besson. Registramos a presença do nosso sempre Governador, Alceu Collares. Sua presença é uma alegria para esta Casa.

O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra, nos termos do art. 206 do Regimento.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL: Meu prezado Frei Luiz Sebastião Turra, em nome da Bancada do Partido Progressista, em meu nome e dos Vereadores Beto Moesch e do Ver. João Antonio Dib, quero cumprimentá-lo e dar-lhe as boas-vindas a esta Casa. Primeiramente, quero lhe agradecer pela imensa contribuição que o senhor tem dado à nossa música sacra; essa é uma forma de evangelizar e de rezar duas vezes. Meus parabéns! Muito obrigado também por vir nos convidar para a Festa de Santo Antônio; lá estaremos, sem dúvida. E que bom que Santo Antônio veio hoje nos abençoar, pois esta Casa precisa muito da sua bênção, da sua iluminação para que possamos continuar a trabalhar pela vida e pelo bem comum. Além de Santo Antônio, temos as bênçãos da Irmã Iná, dos Sacerdotes Ademir Benetti, José Luís Andrade, Atílio Hartmann; Frei Maximino Tessaro e Frei Rovílio Costa. Nós estamos, realmente, extremamente abençoados, hoje, com a presença de vocês todos e de Santo Antônio. Muito obrigado, meus parabéns, e tenham a certeza de que, com Santo Antônio, escolhemos e promovemos a vida. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Nós é que agradecemos ao Ver. João Carlos Nedel. Queremos registrar, como dirigente da Mesa, a alegria de termos contado com a presença do Frei Luiz Sebastião Turra, Pároco da Paróquia de Santo Antônio do Partenon, lá em cima do morro, um dos lugares mais bonitos da Cidade, onde acontece, às 18 horas... De longe nós ouvimos os sinos de Santo Antônio, principalmente no dia 13 de junho, quando o nosso Santo casamenteiro faz festa, a cidade de Porto Alegre vira uma festa. Parabéns, Frei Luiz Sebastião, muito obrigado pela presença. Eu lhe convido, se o senhor tiver tempo disponível, para permanecer, porque nós faremos uma outra homenagem, aqui, à Irmã Iná Canabarro, e seria uma honra se o senhor participasse da nossa Mesa. Gostaria, então, que um dos Vereadores... O Ver. João Carlos Nedel poderia fazer o favor de só pedir a inversão do Grande Expediente para Comunicações, para providenciarmos a homenagem à Srª Madre Iná Canabarro Lucas?

O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para fazer um Requerimento.

 

O SR. JOÃO CARLOS NEDEL (Requerimento): Sr. Presidente, Ver. Claudio Sebenelo, solicito a inversão da ordem dos trabalhos, para que possamos passar ao período das Comunicações para homenagear a nossa querida Madre Iná.

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): Em votação o Requerimento, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, solicitando a inversão da ordem dos trabalhos. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

O SR. PRESIDENTE (Claudio Sebenelo): O período de Comunicações, hoje, vai versar sobre o transcurso do 100º aniversário da Madre Iná Canabarro Lucas, nos termos do Requerimento de autoria deste Vereador. Convido o ex-Governador Alceu Collares para compor a Mesa em homenagem à Madre Iná Canabarro Lucas. (Palmas.) Solicito também ao Ver. Ervino Besson que assuma a presidência dos trabalhos. Convido também para vir à Mesa a Madre Iná Canabarro Lucas, que nos dá um prazer imenso.

 

(O Ver. Ervino Besson assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Ervino Besson): O Ver. Claudio Sebenelo, proponente da homenagem à nossa querida Madre Iná Canabarro Lucas, está com a palavra. É uma alegria para todos nós prestarmos esta homenagem. Hoje é um dia especial!

 

O SR. CLAUDIO SEBENELO: Muito obrigado, Sr. Presidente, Ver. Ervino Besson; ex-Governador Alceu Collares, Frei Luiz Sebastião e a nossa jovem Madre Iná Canabarro Lucas, que hoje enfeita esta Casa. (Palmas.) Um dia desses, eu recebi a visita da Ezi e da Drª Zélide Quevedo, que nos falava da Madre Iná com um entusiasmo imenso. A gente pensa, quando se trata de uma pessoa de cem anos, que vai encontrar uma pessoa encarquilhada, uma pessoa idosa, já com limitações. Mas essa jovem não tem limites! O charme e a graça são refulgentes naquela fisionomia maravilhosa, e ela está nos ensinado a viver. Nasceu em São Francisco de Assis, em 27 de maio de 1908, evidentemente, pois estamos em 2008. Aos 12 anos, foi para Santana do Livramento, onde estudou no Colégio Santa Teresa de Jesus, de onde, até hoje, é religiosa da Ordem de Santa Teresa de Jesus. Após completar o ginásio, em Montevidéu, fez o noviciado, a sua iniciação religiosa e depois, então, foi para o Rio de Janeiro, onde lecionou Matemática e Ciências. Um dia ela voltou para Livramento e se tornou a regente principal do Curso Normal, do Magistério, com o seu imenso compromisso com a Educação, atuando em diversas cidades do Rio Grande do Sul, sempre nas casas de Santa Teresa de Jesus. Foi fundadora, em Livramento - e olha que maravilha essa ligação fantástica com a música -, da Banda Marcial Teresiana, essa banda marcial que é a mais bonita e a mais afinada do Rio Grande do Sul, com inúmeros troféus recebidos pela excelência daquilo que Chico Buarque imortalizou em sua canção chamada ‘A Banda’. Pois essa moça ainda se encontra trabalhando ativamente, aos cem anos de idade, na Casa Provincial, na Av. João Pessoa; é nossa vizinha aqui.

No Brasil, hoje, existem mais de dez mil pessoas que ultrapassaram os 90 anos de idade. Estamos passando para uma sociedade gerontológica, para uma sociedade de pessoas idosas, onde o idoso passa a ter uma ação proeminente. Mas não é bem esse fato social que ocorre no Brasil. O idoso se mostra, em geral, descontente com a forma como é tratado socialmente e, principalmente, o idoso é considerado um objeto descartável na sociedade brasileira, e há um momento em que o serviço público se volta para o idoso: na hora da festa. Mas o libelo principal do idoso aqui no Brasil é que ele não precisa de tanta festa, nem de música, nem de dança; ele precisa é de compreensão para as suas dores, e a dor principal do idoso é a da indiferença social, da indiferença dos Governos. Certamente um dia não teremos mais fatos corriqueiros do nosso cotidiano, onde há extorsão ao idoso, onde os maus-tratos e principalmente a rejeição ao idoso fazem com que muitas famílias isolem os idosos em asilos, onde eles morrem esquecidos e magoados - com a mágoa do isolamento, a mágoa da indiferença.

Pois é contra isso que nós vamos lutar em caráter permanente, e é uma das nossas tarefas, como Vereadores da Cidade, essa proteção e essa reabilitação do idoso de uma forma absolutamente importante, porque o idoso sempre representou, em todas as sociedades, desde as mais primitivas até as atuais, o acúmulo de conhecimento, a experiência e a beleza de alma, o que faz com que os jovens possam ser conduzidos, aconselhados e principalmente norteados por um conhecimento, por uma experiência de vida que muitas vezes é exemplo para todos nós.

Por falar em exemplo, quero dizer que a Madre Iná, hoje, aqui, não é tratada como uma pessoa idosa, é tratada como uma pessoa com uma vivência fantástica, com um compromisso com a Educação, Madre Iná, e isso para nós, no País, talvez seja a coisa mais importante. Eu tenho que fazer justiça ao Governador Alceu Collares pelas escolas que ele construiu, espalhou pela Cidade, pelo tempo integral de funcionamento dessas escolas como solução dos nossos problemas de violência e criminalidade. E eu faço coro com o Senador Cristovam Buarque, que denuncia que 82% das nossas escolas públicas não conseguem alfabetizar nossas crianças.

É esse compromisso com a Educação - que também tem o Governador Alceu Collares e a Verª Neuza Canabarro - que dá esse exemplo de dedicação, através dessa forma de se comunicar com o jovem, desde o seu nascimento até a sua formação completa, que a Irmã Iná tem na sua história, na sua bagagem, para distribuir para todos nós, além desse sorriso encantador e dessa forma de ser de que nós precisamos. E, quem sabe, um dia, o Brasil contará com muitas “madres inás canabarro lucas”; o sobrenome Canabarro, evidentemente, fala de uma família de uma Vereadora.

Por essa forma de ser, alegre, feliz, e, principalmente, Irmã Iná, caridosa, em que a caridade como virtude teologal passa a ser também uma forma de ser das pessoas que têm nos outros a interpretação dos seus próprios sentimentos e a interpretação ética do convívio com esses que tiveram o privilégio de um dia passar por esta terra, nós queremos, daqui a cem anos, fazer outra festa igual a esta, não só lembrando, mas abraçando a Irmã Iná Canabarro Lucas, verdadeiro exemplo de vida. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

(O Ver. Sebastião Melo assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Muito obrigado aos Vereadores Claudio Sebenelo, Vice-Presidente, e Ervino Besson, Secretário, que presidiram a Sessão até agora. Muito bem-vinda, Irmã, essa jovem. Portanto, no transcurso do seu aniversário, também no período Comunicações, o Ver. João Bosco Vaz cede a palavra à nobre Verª Neuza Canabarro.

 

A SRA. NEUZA CANABARRO: Exmo Sr. Presidente, Ver. Sebastião Melo; Exmas Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, Madre Iná; meu marido, Alceu Colares; nosso sacerdote Turra, eu gostaria de dizer a todos vocês que eu tenho que agradecer - pois estou sensibilizada - ao Ver. Sebenelo, que utilizou o seu período de Comunicações, período esse que nós só temos uma vez ao ano - para fazer essa homenagem à Madre Iná Canabarro Lucas.

Madre Iná Canabarro Lucas, este é um momento muito lindo, é uma extensão daquela festa maravilhosa que ocorreu no dia 27 de maio. E foi essa “donzela de 100 anos” que organizou a festa: ela convidou os parentes um a um; ela ligou para confirmar a presença; ela disse: “olha, primeiro a missa e depois o chá, e o chá será franciscano”. Mas aí não era verdade. Estava muito boa a festa, essa possibilidade de reunir tantos familiares e tantos amigos. E eu estou emocionada, porque os Canabarro têm nas mulheres um matriarcado. As mulheres são o exemplo, são dinâmicas e duram mais do que os homens - o Cleber, que está por aí, já fique sabendo. As mulheres vão aos seus 100 anos. Nós já tivemos quatro mulheres que chegaram aos 100 anos, e agora, aqui, a Madre Iná. A Madre Iná, junto com a Ilsa e com a Irma, duas irmãs dela, foram exemplos.

Madre Iná, nós temos no professor, eu sei disso, ou na mãe, o exemplo para o resto da vida. E eu lembro, quando ainda na 1ª série Primária, lá na Escola Rivadávia Corrrea, com a Professora Luiza Catarina Damilano, que todos aqui conhecem, aquela pessoa maravilhosa que me alfabetizou, e, quando entrava aquela professora-fiscal, a Irma Canabarro, eu tinha um orgulho enorme, porque diziam: “Está entrando a tua tia”. E a minha tia era fiscal, e fiscal era mais do que professora. Não sei se pelo exemplo, ou por ironia: eu sou inspetora. Mudou o nome, não é mais fiscal, mas professora.

 

O Sr. João Antonio Dib: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Nobre Verª Neuza Canabarro, eu quero cumprimentá-la também na pessoa de sua tia-avó, uma jovem que soube acumular juventude, e, acumulando juventude, usou com toda experiência possível. E vai continuar ainda por muito tempo no nosso meio, distribuindo a sua experiência com todo entusiasmo que tem até agora. Esse é o desejo do Partido Progressista.

 

A SRA. NEUZA CANABARRO: Muito obrigada, Ver. João Antonio Dib.

 

O Sr. Ervino Besson: V. Exª permite um aparte? (Assentimento da oradora.) Minha querida Verª Neuza, no período crítico da Santa Casa, quando o Dom Vicente assumiu, tinha uma Irmã, lá, quase centenária. Ninguém conhecia a Irmã pelo nome de Irmã Maria, e, sim, como Anjo Branco. Uma homenagem da população. O que nós podemos dizer hoje aqui à nossa querida homenageada Madre Iná? Anjo Centenário! Muito obrigado.

 

A SRA. NEUZA CANABARRO: Mas eu colocava aqui o exemplo da Irma, aquela professora maravilhosa. Não posso deixar de falar na Ilsa - a Núria está aqui, que é a sua neta, só a Madre Iná ainda está viva -, que foi quem me iniciou na costura. Eu comecei a costurar e a criar. A minha criatividade foi toda fundamentada naquele trabalho maravilhoso. Eu lembro que o meu vestido de 1ª Comunhão foi feito pela Ilsa, e ela disse: “Não precisa mais nada além do tecido para se fazer um belo vestido”. E, incrível, um tecido de tafetá, com nervuras e babadinhos, deixou o meu vestido maravilhoso!

E a Madre Iná me deu o quê? O exemplo da ousadia e do desafio. Sabe quando, Madre Iná? Ao final da década de 50, eu ainda muito menina, quando vi aquele exemplo. Nós estávamos acostumados, na grande festa de 7 de Setembro, a desfilar pela Rua dos Andradas, em Livramento. Vinham os Irmãos Maristas e desfilavam primeiro, chegavam lá na linha divisória com o Uruguai e voltavam para puxar o Santa Teresa. Todos aí estão lembrados. Naquele ano houve um desentendimento e Santa Teresa desfilou sem banda. E a Madre Iná disse: “Isto não vai ocorrer jamais! Vamos criar uma banda!” E esse desafio, essa coragem, foi o que me alimentou por muitos e muitos anos. Eu diria também que a Rosina, que aqui está, foi a responsável pela minha vaidade, lá está ela, Rosina Canabarro Savi, do Paulo Savi, amigo do Collares. Estou emocionada, porque a Rosina fazia os meus cabelos brilharem, em uma época em que não havia condicionador e nem todos esses produtos de beleza.

Então, Madre Iná, quero dizer o seguinte: eu posso compará-la à Madre Teresa de Calcutá. “Muitas vezes as pessoas são egocêntricas, ilógicas e insensatas; perdoe-as assim mesmo. Se você é gentil, as pessoas podem acusá-la de egoísta e interesseira; seja gentil assim mesmo. Se você é uma vencedora, terá alguns falsos amigos e alguns inimigos verdadeiros; vença assim mesmo. Se você é honesta e franca, as pessoas podem enganá-la; seja honesta e franca assim mesmo. O que você levou anos para construir, alguém pode destruir de uma hora para outra; construa assim mesmo. Veja você que, no final das contas, é entre você e Deus, nunca foi entre você e as outras pessoas”.

É assim que nós tomamos um exemplo maravilhoso. Que bom que nós temos na nossa família, a família Canabarro, que está aqui toda presente, o Cleber, já com seus filhos, sobrinhos, netos; a Diolinda, o exemplo do coque maravilhoso que nós usamos, tantas e tantas mulheres.

Muito obrigada ao Ver. Claudio Sebenelo que me oportunizou estar aqui com a Madre Iná, dentro do coração! (Palmas.)

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Elias Vidal.

 

O SR. ALDACIR OLIBONI: Nobre Ver. Sebastião Melo, eu queria saudar aqui, em nome da Bancada do Partido dos Trabalhadores, a Irmã Iná; o nobre Frei Luiz que está aqui conosco, do Santo Antônio; o sempre Governador Alceu Collares; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, público que acompanha o Canal 16. Quero agradecer também pela cedência do tempo do Ver. Elias Vidal.

Realmente, Irmã Iná, é muito difícil seguir a vida do sacerdócio. Ser Padre ou ser Irmã não é para qualquer um. O votos de pobreza, castidade e obediência são um desafio para o jovem. Eu sei, porque fui seminarista dos Padres Josefinos de Murialdo, e saí quando estava na faculdade. Nós amadurecemos e optamos pela vida religiosa ou leiga, e podemos também nos santificar, independentemente se somos religiosos ou não. Isso é importante que nós possamos dizer, porque não são só os Padres, as Irmãs, as Madres, os Papas, os Bispos que podem se santificar, mas o cidadão, a cidadã, os leigos também podem, por meio das suas obras, do trabalho que fazem hoje, seja ele pastoral, seja ele ligado com as comunidades.

E esse mundo das comunidades em que a Madre atua é, exatamente, como sempre, o mundo dos mais necessitados, dos mais difíceis de diálogo, porque é o povo que, por ser mais necessitado, está sempre reclamando, sempre solicitando. E, muitas vezes, infelizmente, os governos demoram muito para atender essa camada da sociedade. Não é por acaso que esta Casa recebe aqui, muitas vezes, inúmeras demandas, ações, em que hoje os religiosos são as lideranças, apoiando as lideranças da comunidade, e que, por sua vez, ajudam a sensibilizar o Poder Público para que essas obras humanitárias, as mais sensíveis - o saneamento básico, ou a casa que tantos almejam - sejam uma realidade para o cidadão e para a cidadã.

Então, quero homenagear a Madre Iná, nobre Ver. Claudio Sebenelo, V. Exª que teve essa iniciativa de homenagear esses 100 anos de vida e de luta. Ela se associa com esta Casa pelo estilo de trabalho que as Irmãs, os Padres, as igrejas, as religiões, as congregações fazem a serviço do próximo. Porque nós percebemos que, quando a pessoa está com dificuldades, parece que muitos se afastam, porque os chamam de pedintes. E são os Padres, as Irmãs, os religiosos ou as pessoas de uma certa idade que mais se sensibilizam por essa missão tão difícil, que é poder, às vezes, dar uma palavra a um amigo, poder sensibilizar aquela pessoa para esperar ou até mesmo continuar a sua luta no intuito de conseguir aquela conquista, aquela façanha. Então, hoje, tenho certeza de que todos nós estamos muito felizes, Ver. Elias Vidal - V. Exª que me cedeu o seu tempo. Fico muito feliz de, não só em nome da nossa Bancada, poder socializar com os Vereadores e com as Vereadoras, e dizer que nós deveríamos fazer isso muito mais vezes, porque homenagear aqui um cidadão de Porto Alegre, ao qual nós damos o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre, é tão nobre quanto é nobre essa homenagem para poder dizer à Madre Iná, em seus 100 anos de vida - sendo que aos 11 anos ela já estava lá em um convento, como se dizia, coisa que é muito difícil, difícil para a família, difícil para ela, que foi persistente até o fim -, que ela merece o nosso louvor, o nosso agradecimento, e, mais do que isso, a sociedade em que a senhora atua, com certeza, lhe agradece. Parabéns, sucesso, que Deus possa lhe dar mais 100 anos, e que, se não for aqui, em um outro lugar merecido. Obrigado. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. Almerindo Filho.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Ver. Sebastião Melo, Presidente da Casa; ilustre Madre Iná Canabarro Lucas; pároco Frei Luiz Sebastião Turra; ex-Vereador, ex-Prefeito, ex-Governador do Estado, Deputado Federal, que sempre nos alegra quando vem a esta Casa, Dr. Alceu Collares; o proponente deste momento de profunda significação, de emocional significação, que é o nosso querido amigo Ver. Claudio Sebenelo; Verª Neuza Canabarro, que tem correndo em suas veias o sangue da Madre Iná; familiares, conterrâneos, Vereadores e Vereadoras, é de grande significação, ex-Governador Alceu Collares, este momento, quando a Casa da cidade de Porto Alegre pode homenagear uma figura que tem 100 anos, e no mais perfeito domínio das suas faculdades intelectuais e orgânicas. Dali, da minha bancada, Madre, eu olhava a senhora; um semblante belo, magnífico, simpático. Que coisa magnífica, que coisa extraordinária que a Casa possa homenagear esta pessoa, que carrega uma grande bagagem ao completar um século de vida.

Vejam os senhores, ela nasce em São Francisco de Assis, vai para Livramento, depois para o Rio, faz o noviçado em outro país, no Uruguai, e continua, e, aqui, está dito na nossa homenagem, que a Madre encontra-se trabalhando na Casa Provincial, de residência universitária, na Av. João Pessoa. Vejam bem, aos 100 anos; a Madre Iná se encontra trabalhando, e emprestando essa sua figura, uma figura santa, santa, sim, porque chega aos 100 anos depois de ter percorrido pela vida. As suas mãos, o seu olhar, os seus ensinamentos, a quantas e quantas gerações mostrou o caminho do bem. Então, o momento este que nós, aqui na Casa, assistimos, é um momento que vai marcar indelevelmente a história da Câmara, os Anais da Casa, por podermos, pelo privilégio que tem a Casa do Povo da cidade de Porto Alegre, de homenagear esta figura santa, cândida; e ela fez com a cabeça que não; olhem a profunda humildade da Madre Iná.

Madre, que Deus - a senhora que é temente e é devota a Deus -, continue lhe dando vida, que a senhora continue, e que daqui a um ano a senhora venha novamente, vamos instituir isso, que venha aqui para comemorarmos os 101 anos, e que por aí continue, Madre Iná. É o desejo, é a vontade, é o sentimento que vem do fundo da nossa alma, desejando à senhora muita saúde, e o agradecimento de tantas e tantas gerações a quem a senhora, com o seu pensamento, com a sua sabedoria, com os seus ensinamentos e com as suas mãos mostrou o rumo e o caminho certo. Portanto, nós todos aqui queremos agradecer profundamente pelo que a senhora fez, o muito que fez, e o muito que fará, porque a senhora continua jovem. Obrigado. (Palmas.)

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Com a palavra a nossa homenageada, a Madre Iná Canabarro Lucas. A tribuna é da senhora, sinta-se em casa, seja muito bem-vinda, por gentileza Madre. (Palmas.)

 

A SRA. INÁ CANABARRO LUCAS: Não vou fazer discurso, sim, porque não tenho a capacidade, nem chego perto desse seleto Auditório, forte no saber, grande na caridade, maior ainda no amor. (Palmas.) Amor baseado na caridade, por terem me dirigido estas palavras tão elogiosas que jamais na minha vida eu pensei em contá-las e recebê-las. A todos os senhores presentes, amigos, conhecidos, a esta Bancada que sorri alegremente, a estes amigos novos que eu não havia tido o prazer de conhecer, mas que, de hoje em diante, eu guardo no íntimo de meu coração, e peço ao Nosso Senhor que me dê um coração alicerçado na fortaleza, para colocá-los todos, todos, todos, dentro do meu coração para toda a eternidade. Eu dirijo a minha palavra, não a uma pessoa, mas a todos, sem distinção de raça, cor, credo religioso, posição - como vou me expressar, para não ofender ninguém -, a pobres e ricos, às crianças abandonadas, todos os senhores ocupam um lugar de distinção em meu coração, mas, neste momento, depois de agradecer a todos, quero fazer uma distinção, elevada à enésima, a minha querida e ex-aluna Ezi Inácio Pando, que foi a alma desta manifestação. Ela mexeu, aqui, com o seu dinamismo heróico, bateu à porta do Sr. Presidente, Sr. Melo, e não parou até conseguir um local digno para uma manifestação como esta, o que eu não esperava, jamais esperei em minha vida, e conseguiu este auditório maravilhoso! Para todos os senhores, um agradecimento e um abraço forte, carinhoso, amigo e sincero desta pobre criança que tem apenas um século! Obrigada. (Palmas.)

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Irmã, a senhora acaba de dar uma lição de vida a este Plenário e, por extensão, à nossa Cidade, porque esta Casa representa nossa cidade de Porto Alegre. Somos muito gratos pela sua vinda. Cumprimento os Vereadores que falaram por todos os demais Vereadores. Que Deus lhe dê vida longa, porque as pessoas de bem precisam ter vida longa! A senhora tem contribuído muito com este País, com este Estado, com a nossa Cidade; com certeza, muitos aniversários vamos comemorar com a senhora. Parabéns!

Queremos agradecer a todos os convidados da Irmã e pela presença do ex-Governador Alceu Collares. Também agradeço a presença do Frei Luiz Sebastião Turra, pároco da igreja Santo Antônio, que também nos honrou com a Tribuna Popular. Muito obrigado. Estão suspensos os trabalhos.

 

(Suspendem-se os trabalhos às 15h24min.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo – às 15h27min): Estão reabertos os trabalhos.

O Ver. Haroldo de Souza está com a palavra em Comunicações.

 

O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, pessoas que ainda se encontram aqui, na homenagem que foi feita aos 100 anos - 100 anos não são fáceis de alcançar; é um exemplo de vida.

Eu perguntei para o Frei por que é que trocaram a oração do Pai Nosso. Antes era “... perdoai as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores”. Quer dizer, eu estou devendo para o Tião... Agora é: “... perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. E ele me respondeu que foi por causa do dinheiro, pois falava em dinheiro. Viram como dinheiro é problemático? Até na nossa principal oração “Pai Nosso que estais no céu...”

Por falar em dinheiro, o Brasil tem gastos públicos iguais aos da Noruega; sabia, Ver. Luiz Braz? Os gastos públicos no Brasil são iguais aos da Noruega, que eu conheço bem, conheço bem Oslo e o país. Mas, se comparados com os da Noruega, os nossos serviços públicos são como os da África, para onde iremos em 2010, na Copa do Mundo. Então, há essa disparidade: o Brasil gasta com a sua máquina pública o mesmo que a Noruega, que é um país pequeno. Só que o gigante Brasil gasta tudo isso e os serviços públicos são uma coisa danada!

Eu estou preocupado, porque o Rio Grande do Sul está machucado, está ferido, está para cair, está para tombar moralmente, se já não tombou, se já não caiu. Eu me lembro que antes de entrar na política nós não víamos no Rio Grande do Sul envolvimentos, lamaçal, essa lama toda que é a CPI do Detran, onde as pessoas estão jogando umas para cima das outras ofensas e mais ofensas. E o Rio Grande do Sul não está acostumado com isso. Eu não sei se agora a ação da Polícia Federal é diferenciada no Governo do Lula? E é indiscutivelmente: a Polícia Federal age em melhores condições, com maior liberdade no Governo Lula. É preciso que se diga isso! E também no Rio Grande do Sul nós temos esse problema, Ver. Guilherme Barbosa, com a CPI do Detran, escancarando a imoralidade, a corrupção, o envolvimento e até em depoimentos alguma coisa que possa atingir a Governadora do Estado. Mas onde está o Rio Grande do Sul que eu via antes, que eu convivi durante 30, 31, 32 anos? Onde está aquele Estado, em que nós olhávamos as revistas semanais, os jornais do eixo Rio, São Paulo e de Brasília e nós tínhamos, indiscutivelmente, um diferencial enorme de moral, de tratamento, com sobriedade das coisas dos cofres públicos? Era uma política transparente e diferenciada, e hoje nós estamos no mesmo lugar comum com essa CPI do Detran e mais outras coisas que vem no rastro da CPI do Detran. Então, é lamentável, é profundamente lamentável que todos nós tenhamos que conviver com esse tipo de coisa no Rio Grande do Sul! Nós que tão orgulhosos somos do nosso Estado que até, às vezes, em nossas viagens futuristas, sei lá, a gente pensa em ficar com o Rio Grande do Sul e fazer disso aqui uma República Piratini, por quê? Essas vontades saíam do nosso jeito de ser diferente, de ser transparente, de fazer uma política sem lama, sem corrupção! Mas não! Agora estamos absolutamente no lugar comum, igual a esse cidadão que infelizmente pertence ao meu Partido, o PMDB, o Garotinho, que forma uma quadrilha armada; quer dizer, tem a quadrilha que age pegando grana sem se meter com arma; o Garotinho, com aquela carinha bonitinha, o safadinho se armou e tem o Chefe de Segurança Pública ao seu lado. Quer dizer, uma quadrilha armada de um ex-Governador de Estado do Rio de Janeiro, e pertencente ao PMDB aliado do PT, e o PMDB, que é o meu Partido. Puxa vida! Enquanto nós não depurarmos os nossos Partidos políticos e enquanto nós, Parlamentares, quer seja Vereador, Deputado Estadual, Deputado Federal ou Senador não dividirmos os interesses partidários de cada um de nós, independente do Partido, a coisa não vai andar. Vai ser essa vergonha que está aí escancarada: ninguém assumindo responsabilidade, mas que a Justiça pegue e que sirva de exemplo, principalmente no Rio Grande do Sul. O gaúcho não está acostumado a conviver com esse tipo de imoralidade! Muito obrigado!

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Beto Moesch está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo do Ver. João Carlos Nedel.

 

O SR. BETO MOESCH: Prezado Presidente, Ver. Sebastião Melo; Sras Vereadoras e Srs. Vereadores; João Antonio Dib e Luiz Braz, que estão nos acompanhando, demais Vereadores, eu não tenho aqui, Verª Maria Celeste - V. Exª me conhece muito bem - usado a tribuna para responder acusações pessoais, porque nunca usei nome de pessoas nesta tribuna. Eu sempre respeitei esta tribuna, porque é a tribuna do povo de Porto Alegre. Nunca usei a tribuna, Verª Maria Celeste e Ver. Guilherme Barbosa, para citar nome de pessoas - nunca! -, porque isso não serve, não interessa à cidade de Porto Alegre. Mas vou, justamente por ser o Dia Mundial do Meio Ambiente, 5 de junho, mostrar o que vem a ser a Agenda 21, que é uma agenda comum; é uma agenda compactuada lá em 1992, em que as comunidades devem se unir, por mais diferenças que tenham, para algo que é comum a todos: o desenvolvimento sustentável, para que se coloque em prática o tripé - sem esse tripé, não há desenvolvimento sustentável - que é o tripé do desenvolvimento econômico, social e o cuidado com o meio ambiente.

O Ver. Carlos Comassetto veio aqui, mais uma vez, a esta tribuna, me acusar pessoalmente, dizendo que a minha foi a pior gestão política ambiental das últimas décadas. Pois eu digo, Ver. Mauro Zacher, que um Vereador, eleito pelo Partido dos Trabalhadores e que foi Secretário do Meio Ambiente, foi demitido pelo seu Prefeito, porque todos os servidores da SMAM estiveram lá no Paço, pedindo a sua demissão! Isso é uma péssima gestão ambiental! E, logo em seguida, outro Vereador, eleito pelo Partido dos Trabalhadores e que veio a ser Secretário do Meio Ambiente, está hoje respondendo por improbidade administrativa, com os bens indisponíveis, envergonhando a história ambiental desta Cidade, e que não veio a se reeleger nas últimas eleições.

Vamos aos fatos, e não às falácias e aos proselitismos políticos a que a sociedade está cansada de assistir!

Eu fui acusado, no dia 1º de janeiro de 2005, quando nós estávamos aqui tomando posse, num empreendimento iniciado na gestão anterior, do Partido de Trabalhadores, em 2004, de que nada foi feito lá na Ponta Grossa. Pois, Ver. Ervino Besson, nós entramos com uma das raras ações civis públicas que o Município ajuizou contra esse proprietário. E o Juiz, durante um ano, procurou um acordo com esse infrator. Acabamos ganhando, em juízo, e estamos, agora, com um impasse: como retirar aquela construção irregular da beira do Guaíba, porque, tecnicamente, Ver. Guilherme Barbosa - V. Exª, que é engenheiro -, isso só poderia ser feito explodindo, e a explosão vem a ser um impacto ambiental até pior do que a própria construção. Estamos unidos com a Capitania dos Portos vendo a melhor maneira, com a decisão judicial favorável a nós, de retirar aquela construção irregular. E foi dito, em pronunciamento, que existia um licenciamento da SMOV; portanto, um licenciamento da SMOV da gestão anterior, de 2004.

Morro pasmado! “Não fizemos nada!” Foi a primeira vez que um loteador clandestino foi preso em flagrante por uma ação deste então Secretário, que colocou na cadeia, pela primeira vez na história do Estado do Rio Grande do Sul, um infrator ambiental - atrás das grades! Essa foi a nossa resposta, ao contrário do que está sendo dito aqui! Cuidem, telespectadores do Canal 16, com as falácias e com o proselitismo político usado nesta tribuna, que tem sido desrespeitada por essas pessoas que não zelam por isto aqui, que é sagrado! Esta tribuna é sagrada! E quem falta com a verdade aqui está faltando com a verdade e com o respeito ao povo de Porto Alegre!

Eu diria mais: que nós oportunizamos, Ver. Luiz Braz, a ocupação do Morro do Osso. O Morro do Osso foi invadido em abril de 2004. E eu, como Vereador de oposição, me somei à então Prefeitura na ação que busca, até hoje, manter o parque natural do Morro do Osso em nossas mãos.

Encerrando, Ver. Sebastião Melo, é o Dia Mundial do Meio Ambiente, e quem defende o meio ambiente busca solidariedade, busca colocar em prática a Agenda 21, que é o somatório de todos os atores em defesa do bem comum. Quem faz o contrário está-nos enganando. Muito obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A Verª Sofia Cavedon está com a palavra em Comunicações, por cedência de tempo da Verª Margarete Moraes.

 

A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Ver. Sebastião Melo; Sras Vereadoras, Srs. Vereadores; querida Verª Margarete Moraes, obrigada pela cedência do seu tempo. Tenho certeza de que o tema que abordarei é um tema que V. Exª trabalha conosco na Comissão de Educação, Cultura e Esportes, matéria que, para mim, parece um deboche, o programa Boa Escola para Todos, instituído, lançado pela Governadora Yeda e pela Secretária Mariza Abreu. Eu preciso fazer alguns comentários.

A Comissão de Educação está visitando escolas, Ver. Mauro Zacher - que andou conosco -, e as escolas fazem um enorme esforço para sobreviver às políticas de desmonte deste Governo, de pauperização, de abandono, de desqualificação; essa é a verdade! Interessou-me olhar a matéria de hoje, no jornal Correio do Povo. Que bom, agora vai haver uma retomada, uma vez que eu não acredito que a retirada de supervisores e orientadores da maioria das escolas estaduais seja uma política de qualificação da Educação; não acredito que seja, porque não é possível pensar em educação de qualidade somente com professor e aluno em sala de aula; e a diretora e a vice-diretora dando conta de tudo: da compra de materiais, da organização da merenda, da limpeza, da coordenação de pessoal, da falta de professor, pensar na formação pedagógica, no projeto pedagógico e atender aos pais, dar conta das matrículas e se relacionar com a Secretaria de Educação, isso para falar de algumas tarefas de uma direção.

E, no entanto, as escolas estaduais assim estão por deliberação da Secretária Mariza Abreu, que anuncia o Projeto Boa Escola para Todos.

As escolas estaduais estão sem biblioteca! As bibliotecas foram fechadas, porque, na concepção da Srª Secretária da Educação, elas são supérfluas. São supérfluas numa escola! A Verª Maria Celeste colocou uma das escolas na nossa rota de visitas, porque não tinha professores em sala de aula, o que foi resolvido pela pressão parlamentar desta Casa. A Escola Rafaela Remião não tem cinco professores! Quatro são professores de área; nós estamos em junho, e é uma escola de Ensino Médio que não tem professores para as disciplinas, no meio do ano; não tem supervisor e nem orientador; uma Escola de Ensino Médio! São 500 alunos do Ensino Médio, Verª Maristela Maffei, que não têm laboratório de informática, que têm banheiros que parecem banheiros de praça e que ninguém limpa, totalmente pichados, as portas não fecham, estão destruídos; as crianças não têm nenhuma dignidade para usá-los, só os usam no desespero.

Eu poderia seguir dizendo as condições de algumas escolas, na verdade, da maioria das escolas que nós estamos visitando.

Bem, mas o instituído Boa Escola para Todos anuncia 330 milhões de reais. E aí a gente vai ver qual é o programa, porque se pensa que isso vai resolver o problema de recursos humanos, porque, sem seres humanos, sem trabalhadores em Educação não se faz educação. E quais são os elementos do belo projeto, Vereadores? O sistema de avaliação, já que a Secretária que pauperiza a Educação acha que a qualifica avaliando, fazendo avaliação sobre avaliação, avaliação externa. Segundo: Professor Nota Dez. Eu acho que ela quer dar nota pela resistência, pela persistência e pelo não-adoecimento dos professores nas condições em que trabalham. E mais: anuncia a implantação de uma nova legislação para o Magistério. Que nova legislação é essa, se ninguém foi chamado para debater? Será como o SAERS, que foi construído com as escolas privadas? Nem o CPERS, nem o Conselho Estadual de Educação, nem os pais, ninguém foi chamado para discutir a avaliação neste Estado, e ela está anunciando! E, senhores, não duvidem! Logo, uma nova legislação para os professores vai aparecer dos gabinetes da burocrata e destruidora da Educação deste Estado, Mariza Abreu! Sala de aula digital. Eu gostaria que as salas de aula digitais chegassem, pelo menos, nas escolas de Ensino Médio deste Estado, que estão em condições dramáticas, e não há como reverter essa situação de enorme evasão e reprovação.

Então, é uma piada! É uma piada o que a Governadora Yeda, sentada ao lado da Secretária da Educação, faz, Ver. Garcia: anuncia uma Boa Escola para Todos. O Ver. Garcia é professor e sabe: só existe escola no Estado do Rio Grande do Sul, porque os professores são heróicos e porque os pais também estão lutando para manter de pé as paredes que estão podres. São péssimas as condições de trabalho, há pauperização, e mais, há ameaça: o sistema de inspetoria ameaça, e há desqualificação dos professores e diretores - é esse o método para aplicar o seu modelo de destruição do ensino no Rio Grande do Sul.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PROFESSOR GARCIA (Requerimento): Sr. Presidente, foi acordado, ontem, entre as diversas Bancadas, que hoje, após o período de Comunicações, entraríamos na Ordem do Dia. Portanto, solicito a inversão da ordem dos trabalhos, para que possamos, imediatamente, entrar na Ordem do Dia. Após, retornaremos ao Grande Expediente.

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Em votação o Requerimento de autoria do Ver. Professor Garcia. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Havendo quórum, passamos à

 

ORDEM DO DIA

 

VOTAÇÃO

 

PROC. Nº 3416/08 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 026/08, que autoriza o Poder Executivo Municipal a contratar operação de crédito com a Caixa Econômica Federal para financiamento do reassentamento da Vila Nazaré e urbanização da Vila Protásio Alves.

 

Parecer Conjunto:

- da CCJ, CEFOR e CUTHAB. Relator-Geral Ver. Elói Guimarães: pela aprovação do Projeto.

 

Observação:

- incluído na Ordem do Dia em 04-06-08.

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Em votação o PLE nº 026/08 (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO por unanimidade.

Apregoamos solicitação do Ver. José Ismael Heinen para representação desta Casa na formatura dos novos capitães da Brigada Militar, que ocorrerá no dia 7 de junho do corrente ano, às 09h30min, no estádio General Cipriano da Academia de Polícia Militar.

Passamos ao

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

O Ver. Ervino Besson está com a palavra em Grande Expediente, por transposição de tempo com o Ver. Elói Guimarães.

 

O SR. ERVINO BESSON: Estimado Presidente, Ver. Sebastião Melo; Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, senhores e senhoras que nos acompanham nas galerias e pelo Canal 16 da TVCâmara, quero saudar todos. Estamos na Semana Mundial do Meio Ambiente. Hoje pela manhã, estivemos na Praça Piratini, e eu quero destacar o evento que lá ocorreu. Estivemos lá com a presença do Ver. Beto Moesch, representando a Câmara Municipal de Porto Alegre; do Secretário do Meio Ambiente, Miguel Wedy; do Presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil, Carlos Sant’Ana; do Presidente do Sindilojas, Ronaldo Sielichow; do Vice-Presidente da Associação Nova Azenha, Pedro Zabaleta, e demais pessoas que estavam lá presentes. Eu quero destacar aqui o pronunciamento do nobre colega, Vereador desta Casa, Beto Moesch. Foi um belo pronunciamento, destacando o trabalho que esta Casa faz e continuará fazendo em defesa do meio ambiente. Por diversas vezes destacou o trabalho de todos os Vereadores, Vereadoras, de Presidente desta Casa, Ver. Sebastião Melo. Foi um belo evento, e eu acho que foi mais um ganho para a cidade de Porto Alegre.

E hoje, os jornais, meus caros colegas Vereadores, publicaram belas matérias sobre o nosso meio ambiente.

Mas eu quero aproveitar a oportunidade para mostrar que foi distribuída, hoje pela manhã, lá na Praça Piratini, pela Associação e por todas aquelas pessoas que estavam lá presentes, uma sacola com o slogan Porto Visual Alegre (Mostra sacola.) Esse é o caminho. Queridos Vereadores e Vereadores, pessoas que nos assistem pelo Canal 16, dando prosseguimento ao meu pronunciamento, eu quero dizer que nós temos - todo o segmento da Cidade - que ter uma mudança muito grande, um cuidado e um respeito em relação ao meio ambiente. Parabéns à Associação da Azenha! Parabéns àqueles grupos que estiverem lá por terem dado essa idéia para as donas-de-casa que vão ao supermercado fazerem as suas compras. Vamos tentar, aos poucos, perder o costume, Srs. Vereadores e Sras Vereadoras, de utilizar sacolas plásticas. Está aqui um belo exemplo. Hoje, o jornal Zero Hora publicou uma matéria sobre a agressão aos nossos rios (Lê.): “Eles cuidam de nossos rios”. Não basta limpar, é preciso educar. Está aqui uma bela matéria do jornal Zero Hora falando da poluição dos nossos rios. (Mostra jornal.)

O Jornal do Comércio também falou sobre o meio ambiente. Tem uma parte da reportagem que diz (Lê.): “Todo lixo jogado na rua entra em uma boca-de-lobo e o destino final são os arroios”. Minha cara Verª Maristela Maffei, em 18 meses, cem mil toneladas de entulhos são recolhidos nos nossos arroios. É uma agressão assustadora ao nosso meio ambiente.

 

A Srª Maristela Maffei: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Obrigada, Ver. Ervino Besson. Eu gostaria de aproveitar, Vereador, no seu belo pronunciamento, e pedir que o senhor também citasse que esta Vereadora, juntamente com o Ver. Bernardino Vendruscolo, tem, na Ordem do Dia, um Projeto pelo fim das sacolas plásticas. Não apenas pela questão do oxibiodegradável, mas também os derivados da maisena, os derivados do bagaço da cana-de-açúcar e da mandioca. Então, nós não fechamos em torno apenas de uma formatação, que é a do plástico, que seria o invisível, que, ao cair no solo, ele deteriora, e as próprias bactérias o consomem, mas também outras possibilidades. Eu acho que é um belo momento de nós valorizarmos um Projeto que é deste Legislativo e sensibilizarmos o Executivo Municipal a nos ajudar a tocar e colocar isso em prática. Muito obrigada, Vereador.

 

O SR. ERVINO BESSON: Vereadora, estava anotado, e eu ia falar no seu Projeto e do Ver. Bernardino Vendruscolo. Belo Projeto! Eu acho que cada vez nós temos que trabalhar mais integrados. Partidos políticos, em alguns momentos, têm que ser deixados de lado e ver o bem-estar da população. Portanto, parabéns à Verª Maristela Maffei e ao Ver. Bernardino Vendruscolo! Sem dúvida é um belo Projeto.

 

Parabéns ao DEP, ao Ernesto Teixeira, pela sua competente equipe! O Ver. Nilo Santos - e a maioria dos Vereadores - está concordando. Estão sendo dragados, no dia de hoje - iniciou nesta semana - o arroio Manecão, o arroio Cavalhada, o arroio Sarandi. E, para uma futura programação, os arroios: Salso, Areia, Guabiroba, Capivara, entre outros. Portanto, parabéns, DEP! Parabéns pela sua, como já disse, competente equipe. Vai aliviar, sem dúvida nenhuma, o sofrimento de muita gente, de muitas famílias que perderam tudo com a enchente. Mas acho que cada vez mais, nobres Vereadores, nós temos que estar integrados e unidos.

Esse Fórum foi uma bela iniciativa do Presidente Sebastião Melo nesta Casa, para discutir o problema do futuro da Cidade: “Que Cidade nós Queremos para o Futuro”? E foi levantado, sim, nesse Fórum, o problema do lixo de Porto Alegre, não só do lixo produzido pela nossa Cidade, mas também pela Grande Porto Alegre e por outros países. Problema sério é o problema do lixo. Muito sério! E pessoas que estão participando deste Fórum levantaram, com muita convicção, o cuidado que temos que ter com o nosso lixo produzido diariamente.

Eu tirei uma fotos... Eu pediria que a TVCâmara mostrasse aqui para que o telespectador do Canal 16 tenha a oportunidade de ver e acompanhar. (Mostra as fotos.) O arroio Cavalhada está sendo limpo. O DEP não tinha máquinas, porque o arroio está totalmente assoreado; infelizmente há muitas casas próximas ao arroio. Houve a aquisição de uma máquina menor para que se tenha condições de limpá-lo e de lá entrar - isso está sendo feito. Estão aqui as fotos; estivemos lá olhando. Nós temos que nos educar; temos de fazer um trabalho integrado - nós, Câmaras Municipais, como todos os segmentos da sociedade, colégios... - para educar as pessoas, porque não é possível assistir ao que vou mostrar.

Vou conceder um aparte ao Ver. Adeli Sell, depois quero mostrar algumas fotos que foram tiradas na semana passada do arroio Cavalhada. É uma agressão o lixo que está sendo colocado no arroio.

 

O Sr. Adeli Sell: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, a bem da verdade, V. Exª tem razão quando chama a atenção da população para cuidar da Cidade. A população tem uma dose significativa de culpa por colocar, por exemplo, como eu vi hoje, um sofá numa rua da Zona Norte. Não existe nenhum motivo para largar um sofá na rua! Nós precisamos ter outro tipo de comportamento. Eu vejo essas coisas acontecerem em todos os cantos da Cidade. Agora, também acho que o senhor exagera na dose, acho que o senhor “viajou” por uma cidade virtual que não é a Porto Alegre real, porque eu não vejo um trabalho de defesa ambiental, como V. Exª está colocando. Acho que, se existe um déficit na atual Administração, esse déficit é na área ambiental.

 

O SR. ERVINO BESSON: Ver. Adeli, este é o meu terceiro mandato, mas eu, pelo menos, nunca tinha acompanhado em outras Administrações - não estou querendo criticar outras Administrações - uma limpeza nos nossos arroios. Estivemos, domingo passado, no arroio Manecão, e a comunidade disse que nunca na história aquele arroio tinha sido limpo. Estavam lá o Prefeito, o pessoal do DEP, e teve início, no domingo, a dragagem, a limpeza daquele arroio. Eu estou falando a verdade. Por que as outras Administrações não fizeram esse trabalho? Não é de hoje que os arroios estão assoreados, estiveram sempre assim ao longo da história. Então, parabéns, DEP! A comunidade está acompanhando e saberá dar valor a esse trabalho na hora oportuna, porque a comunidade não é trouxa, ela acompanha e sabe quem merece o reconhecimento.

Está aqui o arroio Cavalhada. (Mostra fotos.) Olhem o lixo: é pneu, é plástico, é sofá! Esse lixo, Ver. Brasinha, vai para onde? Vai para os arroios! Vai para o Guaíba! Isso é cuidar do nosso meio ambiente? Está aqui: olhem só os plásticos, os entulhos! (Mostra fotos.) Claro, isso entope encanamentos, entope tudo! Estas fotos foram tiradas lá e a comunidade paga caro por isto: as águas invadem as residências, e a comunidade perde os imóveis, os utensílios, porque a água não tem por onde escoar! Os bueiros entopem, tudo entope por causa dos plásticos! Estão aqui as fotos. (Mostra fotos.) Vai ser limpo o arroio. Se a comunidade não tomar consciência de limpar, de cuidar do plástico, amanhã ou depois vai estar a mesma coisa.

Nós temos que fazer um pacto entre todos os segmentos da sociedade; aqui, na Câmara Municipal, em todos os clubes, nas escolas! Principalmente nas escolas, Ver. Brasinha! Nós temos que começar a educar as crianças desde o primeiro ano do 1º Grau, para que nós tenhamos consciência de cuidar do lixo, de não poluir os arroios, os encanamentos! Depois a comunidade paga por isso! Estamos acompanhando e vemos os arroios totalmente assoreados por plásticos!

Que bom que nós temos aqui, nesta Casa, um Projeto da Verª Maristela Maffei, do Ver. Bernardino Vendruscolo, que traduz a preocupação com o plástico, que está trazendo um problema muito sério para as cidades!

Isto aqui eu já mostrei e vou mostrar de novo para a população. (Mostra sacola.) Olhem o belo exemplo da Associação da Azenha. As donas-de-casa, as mulheres que têm tantas responsabilidades, Ver. Dr. Raul, levam as suas sacolas aos mercados, vão fazer as suas compras, não é preciso colocar as compras em sacolas de plástico! Levam as suas sacolas, é uma forma de despoluir, é uma forma de cuidar da nossa qualidade de vida, do nosso meio ambiente.

 

O Sr. Dr. Raul: V. Exª permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Ervino, é com muita satisfação que ouço suas palavras, seu belo pronunciamento, ainda mais neste dia 5, Dia Mundial do Meio Ambiente. Quero dizer que essa preocupação é conjunta, não é partidária, é de todos nós, a sociedade precisa de uma Saúde pública muito melhor, e o meio ambiente é fundamental para que as pessoas tenham a qualidade de vida necessária. Nós todos nos unimos e, nesse sentido, com certeza, vamos conseguir com que as nossas novas gerações tenham uma qualidade de vida melhor, porque os entes públicos realmente têm que ser cobrados e têm que fazer o seu trabalho, assim como a população tem que ser conscientizada.

 

O SR. ERVINO BESSON: Meu querido Dr. Raul, V. Exª, como médico, sabe como poucos o que representa qualidade de vida, o que representa cuidar da nossa saúde, porque o lixo também é relativo à Saúde pública, e as pessoas não cuidam...! Ontem estive lá no arroio Cavalhada e me deu uma tristeza. Fiquei lá, acho, uns 20 minutos, vi várias garrafas PET trazidas pelas águas, várias sacolas de lixo, as pessoas colocam lixo nos arroios! Mas nós temos que ter consciência! Teremos gerações que virão após a nossa e temos de deixar uma qualidade de vida melhor! Quem sabe, meu caro Presidente, Ver. Sebastião Melo, nesse Fórum, em que um dos assuntos é o lixo, nós façamos um pacto com todos os segmentos da sociedade para cuidar da nossa Saúde, do nosso meio ambiente! E o lixo, a poluição dos nossos arroios... o pessoal larga lixo em qualquer lugar! O lixo vai para as bocas-de-lobo, vai para os arroios e vai para o Guaíba! Cem toneladas de lixo em 18 meses! Haja dinheiro do povo para limpar isso, gente! O pessoal tem que ter consciência! As pessoas não se dão conta disso! Até quando?! Então, vamos começar a fazer um trabalho em conjunto! Acho que, em um trabalho como esse, sigla partidária tem que ficar de lado! O problema é muito maior! Muito maior! Vamos nos unir, acho que todos os Partidos, todos os Vereadores, junto com outros segmentos, junto com as escolas, têm de fazer um trabalho! Acho que está na hora de nós fazermos um trabalho, Dr. Raul! Não é possível acontecer o que estamos vendo no dia-a-dia: a quantidade de lixo que a gente vê solto por esta Cidade! Vamos educar este povo!

Portanto, caros colegas Vereadores, Vereadoras, quero parabenizar o trabalho, mais uma vez, da Associação da Azenha, o trabalho de todos os Vereadores preocupados com a situação do nosso meio ambiente, e também os jornais - estamos na Semana Mundial do Meio Ambiente - que veiculam essas matérias. Vamos aguardar, quando nós tivermos condições de conversar com alguns alunos nas escolas... ou, quem sabe, por que as escolas não convidam algum Vereador...? Vamos fazer uma palestra junto aos nossos alunos, vamos discutir com os nossos alunos - isso faz parte da Educação -, e vamos mostrar-lhes o que representa o nosso lixo, não é, Ver. Brasinha? Porque interfere na qualidade de vida de todos nós o lixo que está sendo jogado aí, diariamente, a céu aberto. Muito obrigado a todos, principalmente ao Ver. Elói Guimarães, por ter feito essa transposição de tempo comigo; V. Exª seria o primeiro a falar, mas, como tenho compromisso agora, novamente agradeço a Vossa Excelência.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra em Grande Expediente, por transposição de tempo com o Ver. Ervino Besson.

 

O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Ver. Sebastião Melo, inicialmente saúdo V. Exª pela brilhante atuação que fez perante o Senado da República, melhor dito, perante os Senadores da República, levando as inquietações responsáveis da Câmara Municipal de Porto Alegre, no que diz respeito à Emenda que altera o número de Vereadores em nosso País.

Penso tratar-se de uma Emenda muito ruim, porque ela não trabalhou a questão das capitais dos Estados, e nós conhecemos bem o Orçamento, os Orçamentos da Câmara Municipal, e podemos dizer que esta é uma Casa austera, extremamente austera, que tem as suas receitas e as suas despesas extremamente equilibradas e adequadas ao papel que a Câmara exerce na cidade de Porto Alegre.

Mantida a referida Emenda, ela vai criar problemas muito sérios para que a Câmara Municipal de Porto Alegre execute o seu papel constitucional.

Mas eu faço apenas este intróito, e vou me ater a analisar, a fazer uma reflexão, a colocar, aqui, o meu pensamento acerca da data de hoje, que é o Dia Mundial, o Dia Internacional do Meio Ambiente, da ecologia, e lembro do verso que compõe uma das mais belas páginas do Cancioneiro Gaúcho, do Paulinho Pires, de todos nós conhecido, que nasceu nas barrancas do rio Guaíba - que eu me nego a chamar de lago. O rio Guaíba, essa denominação está consagrada, vejam bem, pela população, está no verso, está na nossa literatura; é rio Guaíba.

Bem, o Paulinho faz, no meu ponto de vista, o Hino do Rio. No estribilho ele diz: “Não deixem morrer o meu Rio / [me ajudem, por favor] o biguá que mergulhava já morreu / aguapé não dá mais flor”. Vejam a profundidade, Ver. Presidente e Ver. Comassetto, deste verso. Ele, exatamente é um gemido, sim, é um gemido na defesa da natureza: o biguá que mergulhava; são as aves. E ali ele retrata toda a nossa fauna: as aves já morreram; e os aguapés já não existem mais. Então, eu acho que este verso, este estribilho do nosso grande compositor Paulinho Pires, expressa toda a denúncia. Vejam bem, é a grande denúncia na defesa da ecologia. E o nosso Rio, vamos dizer assim, o estuário do rio Guaíba, o Rio compõe a nossa Cidade, compõe a nossa vida. E a ecologia, o meio ambiente... Há uma lei, de minha autoria, um Projeto transformado em lei, de minha autoria, que institui na cidade de Porto Alegre a árvore como símbolo ecológico. Vejam bem, a árvore é o símbolo ecológico de Porto Alegre, não é o símbolo de Porto Alegre, não é o símbolo geral de Porto Alegre; não. É o símbolo ecológico. Isto fizemos há algum tempo, porque a ecologia e o meio ambiente encontram no Rio Grande do Sul, encontram em Porto Alegre os seus grandes momentos. Há alguns anos, um estudante de Engenharia foi homenageado aqui na Casa pela sua manifestação em defesa à vida. Nessa época se fazia o viaduto, enfim, a elevada da João Pessoa, e subia uma árvore, em frente ali da histórica Faculdade de Direito da Universidade do Rio Grande do Sul, que precisava ser preservada, e esta manifestação de defesa da vida, da natureza, da ecologia correu o mundo, pois ali se encontrou, do ponto de vista da Engenharia, do ponto de vista da tecnologia, uma solução para que a árvore fosse preservada. Nós aprovamos, este ano, um Projeto da nossa autoria sobre a preservação dos monumentos e, de resto, das áreas, enfim, dos monumentos com significação histórica, dos locais que tudo têm a ver exatamente com a natureza, com o meio ambiente, porque temos dito que as cidades vão adquirindo a sua fisionomia. A cidade tem a sua fisionomia. Diríamos assim na linguagem popular: a cidade tem a sua cara. E esta cara e esta fisionomia da cidade têm de ser tanto quanto possível preservada. E exatamente nessa linha e nessa filosofia da preservação está embutida a questão ambiental, a questão da defesa do meio ambiente. Então, este dia é um dia para as nossas reflexões, porque a natureza é mãe; a natureza, sim, é mãe! Pelo complexo de fatores que a integram, o homem não pode prescindir da natureza, o homem precisa do ar, da água, enfim, de todos esses fatores que integram a natureza.

Já estamos pagando um preço por agredir a mãe natureza, estamos pagando um preço alto por agredir a natureza. Vejam, temos que preservar a Amazônia, que é o maior pulmão do mundo. E dizia, em certa oportunidade, em Belém do Pará, em uma discussão que fazíamos, em uma manifestação que eu fazia, que nós, brasileiros, deveríamos cobrar um tributo internacional, um imposto internacional por preservarmos a Amazônia, porque o resto do mundo já destruiu suas florestas, seus ambientes. Evidentemente que há muitas coisas às quais devemos estar muito atentos, porque se têm notícias de grandes cortes que estão ocorrendo, que há alguns meses aconteceram na Amazônia. Então, isso não é bom sinal; evidentemente que quando falamos na natureza, no meio ambiente, queremos buscar aquele equilíbrio capaz de permitir que a economia, fator fundamental do ser humano... O homem não vive de versos e poesia; o homem precisa do pão, e o pão se busca na economia. Então, por mantermos a Amazônia, o pulmão do mundo, deveríamos cobrar dos países que destruíram seus ambientes, deveríamos cobrar um tributo, porque a Amazônia lhes interessa, é fator vital para a grande parte da Terra. Então, nós temos que preservar a natureza, preservar os nossos ambientes naturais, ecológicos, a flora, a fauna e esse magnífico Rio que nós temos, o estuário do Guaíba. Um dia, haveremos de tornar o Guaíba balneável. Imaginem quando a população puder chegar na ponta da Usina do Gasômetro, e, ali, ter uma praia saudável. É claro que nós temos potabilidade; é outra história. Nós temos condições naturais de potabilidade. A água que nós tomamos é retirada do Rio; nós temos as condições de potabilidade. Isso não basta. Nós temos que atingir as condições de balneabilidade, para que a população possa usufruir desta verdadeira dádiva da natureza, que é divina. A natureza é divina! Então, fica, aqui, a nossa manifestação pelo Dia Mundial do Meio Ambiente. Não há solução se não houver a preservação do meio ambiente. Se nós continuarmos destruindo a natureza, como, infelizmente, o homem vem destruindo, vai chegar um momento em que a natureza destruirá o homem. Não a natureza, evidentemente, mas as seqüelas deixadas pela agressão à natureza.

Queremos dizer que este é um grande dia, uma data extremamente importante para a humanidade, para a saúde, para a vida, para o desenvolvimento de qualquer atividade. Fica, aqui, portanto, a nossa manifestação, o nosso depoimento no sentido de que defender a natureza, preservar os nossos ambientes naturais é um dever de todos nós. Obrigado.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Carlos Comassetto está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. CARLOS COMASSETTO: Sr. Presidente, Ver. Sebastião Melo; colegas Vereadores e Vereadoras, senhores e senhoras, em nome do meu Partido, o Partido dos Trabalhadores, eu quero aqui iniciar minha fala, fazendo uma pequena reflexão sobre o Dia Mundial do Meio Ambiente, que, para nós, é todos os dias e não especificamente no dia 5 de junho. E eu volto a esta tribuna para trazer ao contexto local algumas análises, e dizer que, cada vez mais, a premissa ecológica de pensar globalmente, mas agir localmente tem que ser uma realidade.

Infelizmente a Cidade de Porto Alegre tem andado na contramão das políticas ambientais. E quem fala isso não sou eu; é a sociedade e a imprensa local. Os nossos morros estão sendo ocupados e devastados, os loteamentos irregulares avançam pela Cidade sem nenhuma fiscalização. A equipe que coordenava as áreas de risco foi desmontada, as equipes de gestão de praças e educação ambiental da SMAM foram desmanteladas. Os estudos que a SMAM teria que ter feito nesse período, em relação à qualificação da sustentabilidade ambiental, e incluída no Plano Diretor, não fez. Ainda bem que nós temos aqui nesta Casa o ex-Secretário de Meio Ambiente, para poder responder, aqui no debate, por que é que não fez nada disso na gestão que lhe coube. E é um Secretário, sim, preocupado com o tema ambiental, mas extremamente debilitado na gestão pública, no que diz respeito à qualificação ambiental da nossa Cidade. A poluição do ar continua. (Mostra foto publicada no jornal Zero Hora.)

Não sou eu que estou dizendo, é o jornal Zero Hora, que fez o levantamento do Morro do Osso, e diz que a partir de 2006 o desmatamento do Morro do Osso avançou, as casas construídas dentro do Parque avançaram e as Emendas que nós fizemos, que a nossa Bancada fez, em nenhuma foram utilizados os recursos na Reserva Biológica do Lami, no Morro do Osso, e assim por diante. Mas já que eu me referi ao ex-Secretário Beto Moesch.

Eu quero falar aqui de outro crime cometido no Estado do Rio Grande do Sul, que é o caso do Detran, em que foram desviados 44 milhões dos cofres públicos. O mesmo dinheiro que a Governadora Yeda, neste momento, deve para a Saúde de Porto Alegre. E eu gostaria que o Secretário Beto Moesch viesse aqui nesta tribuna e dissesse de que Partido são o Sr. Flávio Vaz Netto, o Sr. Antonio Dorneu Maciel, o Sr. Luiz Paulo Rosek Germano, o Sr. José Otávio Germano e assim por diante, que foram citados ontem, na CPI, nas gravações que foram feitas, entre outros, quando o Cláudio falava com o Vaz Netto (Lê notícia do jornal Zero Hora.): “Eu vi um negócio do Maciel independente daquele. Depois tu falas com ele. Eu cobrei R$ 1,5 milhão. Tá?” Vaz Netto diz: “Tá.” Cláudio diz: “R$ 1 milhão fica para ele, R$ 250 mil ficam para ti e R$ 250 mil para mim”.

Não existe crime que prejudique mais a estrutura pública, o serviço público e a destruição da dignidade do que os crimes de corrupção na estrutura pública, e isso reflete, sim, em todas as dimensões. Inclusive esses criminosos que desviam dinheiro público, destroem a natureza, se for necessário, assim como muitos estão fazendo hoje com a Amazônia, em troca de propina, em troca de benefícios pessoais.

Portanto, Ver. Luiz Braz, temos que fazer, sim, este debate, com radicalidade, todos os dias, e temos que apontar todos os desvios que venham a existir. E, neste dia que comemoramos o Dia Mundial do Meio Ambiente, para que nós possamos adquirir sustentabilidade, tem que haver dignidade no serviço público, nas estruturas públicas, e competência e capacidade de gerenciar a máquina pública. Infelizmente, no que diz respeito ao desenvolvimento da política ambiental de Porto Alegre, nestes últimos três anos e meio, isso não ocorreu. Faltou competência de elaboração e de gestão. Muito obrigado, senhores e senhoras.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Dr. Raul está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. DR. RAUL: Exmo Sr. Vereador-Presidente Sebastião Melo, Sras Vereadoras e Srs. Vereadores, aqueles que nos assistem, venho neste momento de Liderança trazer o meu apoio irrestrito, vamos dizer assim, à Associação Nacional de Queimados, porque nós temos um problema no Brasil, em todos os Estados, muito especialmente aqui no Rio Grande do Sul, que é o nosso paciente queimado.

Nós temos, amanhã, o Dia Nacional do Queimados, que coincide, na realidade, com a Fundação da Associação Nacional de Queimados. Temos aqui em nosso Estado o Dr. Francisco Tostes, Cirurgião Plástico, que está na presidência e que vem fazendo um trabalho excelente nessa área, e não podemos deixar de referir que temos o nosso Centro de Queimados no Hospital Cristo Redentor e no nosso HPS, que são serviços que fazem verdadeiros milagres com essas pessoas. Nós temos mais de 300 pessoas por ano com queimaduras extremamente graves, baixadas em nossos hospitais, em nossos centros de tratamento de queimaduras e temos muitas dificuldades, inclusive de equipamentos, porque, na realidade, são necessários muitos enxertos. A queimadura grave traz seqüelas irreversíveis e somente através de enxertos de pele, muitas vezes, pode ser evitada. Se não tivermos o equipamento adequado e a manutenção desse equipamento, teremos muitas dificuldades no tratamento. Temos consciência de que estamos falhando, nessa área, em nossos hospitais, por isso precisamos de qualificação em nossos equipamentos e precisamos dar ao nosso cirurgião plástico - que faz com afeto, carinho e competência esse tratamento tão difícil, que é o tratamento do queimado - qualidade de atendimento.

Então, acreditamos que estamos colaborando, lembrando, inclusive, o Dia do Queimado, porque a parte da prevenção é fundamental na área da queimadura. Não são só nos meses de junho e julho, com fogos de artifício, porque todo mundo sabe que são feitas campanhas nessa época, mas também quando uma criança está na cozinha, ela é, potencialmente, uma pessoa a ter uma queimadura muito grave, porque, muitas vezes, ela não se coordena, bate nas panelas que estão no fogão e provoca queimaduras muito graves. Quando nós estamos usando álcool líquido, por exemplo, para fazer um churrasco, estamos, muitas vezes, provocando explosões e fazendo com que tenhamos queimaduras gravíssimas. Uma questão de ordem muito importante também é quanto ao tratamento da queimadura. Quando a pessoa se queima, não deve passar nada, não deve passar pasta de dente, não deve passar o que o vizinho diz, não deve colocar borra de café; ela deve colocar aquela parte queimada na água fria e fazer com que corra bastante água fria em cima daquela lesão e procurar um atendimento médico qualificado. Isso é muito importante, porque essa lesão vai evoluir por um período de, no mínimo, dez dias, e se não forem tomadas as medidas adequadas, se a queimadura for um pouco maior, ela serve de porta de entrada no nosso organismo para inúmeras bactérias e pode levar a uma septicemia e à morte dessas pessoas, inclusive. Então, nós temos de ter um carinho todo especial com essa questão dos queimados, e visualizar a sua importância, a sua relevância, e fazer com que essas pessoas tenham realmente o atendimento que merecem. Eu acho que já temos um bom atendimento, mas temos muito que qualificá-lo.

Ainda um outro assunto que eu acredito seja de extrema importância é sobre uma questão já levantada aqui anteriormente. Eu fui procurado por várias pessoas que queriam que eu elaborasse um projeto para que nós tivéssemos banheiros nas agências bancárias. Então, quando fui atrás desse assunto, me deparei com uma Lei existente, já de 1988, ou seja, basta que seja fiscalizada. Então, nós estamos nos empenhando, também, nesse processo, como agentes públicos fiscalizadores, para que, efetivamente, a Secretaria Municipal de Indústria e Comércio, enfim, os entes públicos, façam a fiscalização. Porque o número de reclamações nessa área, de falta de sanitários nos bancos para clientes, é muito grande. E nós esperamos uma fiscalização realmente efetiva e duradoura nessa área, não apenas pontual, mas uma questão que se mantenha, que faça realmente isso ser uma realidade nas agências bancárias em Porto Alegre. Muito obrigado, saúde para todos!

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. João Antonio Dib está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Ver. Sebastião Melo; Srs. Vereadores, Sras Vereadoras, ontem, aconteceu uma Sessão nesta Casa que, ao longo dos 37 anos que sou Vereador, nunca tinha visto nada parecido, e não sei qualificar a Sessão, não sei classificar a Sessão. A Sessão não teve Presidente, só teve Plenário, nunca tinha visto isso - só teve Plenário -, Presidente não teve! O art. 177 do Regimento diz que: (Lê.) “Nenhum Vereador poderá escusar-se de votar sob pena de ser considerado ausente”. O Presidente, se é que tinha, não votou. Eu não o tenho na relação daqueles que votaram, não era o Presidente Sebastião Melo, era o Presidente Carlos Atílio Todeschini, que não votou. Portanto, ele não estava presente, se ele não estava presente, como é que aconteceu a Sessão? Mas, felizmente, hoje foi sanado o problema; o financiamento foi votado e aprovado, e a Cidade não vai mais ser prejudicada, e eu não vou mais ficar revoltado.

Mas, Ver. Carlos Comassetto, V. Exª fala nos morros que estão maltratados. Eu lembrava daquele morro em que as Administrações de V. Exª fizeram subir uma rua, em linha reta, com aclive acentuadíssimo, tão acentuado que, lá num determinado trecho, tiveram que fazer um patamar e uma escada. E, para inaugurar aquele trecho, aquela rua, aquele avanço no morro, aquele absurdo no morro - todos os morros do Partenon, é só olhar -, contrataram, por 20 mil reais, a Família Lima. Acho que foi uma homenagem justa aos moradores que não teriam a oportunidade de assistir à Família Lima ao vivo e a cores. Portanto, o Partido dos Trabalhadores lhes proporcionou isso, e subiu, num aclive extraordinário; é só ir lá olhar, nem preciso dizer mais nada. Parece que até ontem os morros estavam todos bons, hoje não estão mais. Ontem, começou a Cidade, com o Partido dos Trabalhadores. Aí o Ver. Carlos Comassetto pergunta ao Ver. Beto Moesch - a quem ele gosta de acusar sem nenhuma razão, é verdade - de que Partido são estes e aqueles indivíduos. Devem ser do mesmo Partido do companheiro Lula, que não sabe o que está acontecendo no País, mas organizou, junto com o José Dirceu, o “mensalão”; deve ser do João Paulo, que presidia a Câmara Federal; deve ser do mesmo Partido, não há diferença, porque, para mim, existem os bons e os maus; os que são bons devem ser preservados, os que são maus devem ser condenados. É assim que Deus faz: salva os bons, condena os maus. Portanto, não cabe esse tipo de pergunta, porque todos os Partidos têm os seus “diógenes”, por exemplo. Todos os Partidos têm pessoas que não os honram - todos os Partidos -, mas todos os Partidos também têm pessoas do mais alto nível.

Então, não dá para fazer a análise de um Partido por esta ou aquela pessoa. Não dá para fazer! Não dá para fazer a análise de um Partido apenas porque apóia o Renan Calheiros; e eu também não vou deixar de admirar o conhecimento e a cultura do Senador Aloízio Mercadante, porque ele votou pela absolvição do Renan Calheiros! Então, não dá para nivelar, e não dá para perguntar, a não ser que se queira criar problema. Eu acho que o Ver. Carlos Roberto Comassetto tem muito mais competência, tem muito mais capacidade para dizer outras coisas que são, realmente, produtivas. E mais, em matéria de meio ambiente, Porto Alegre está muito adiantada, tem muito mais coisas do que teve em tempos passados - não estou criticando Partidos, esse ou aquele -, só quero lembrar que a Secretaria do Meio Ambiente foi criada muito antes, na Administração Guilherme Socias Villela. Eu, como Vereador, tive a honra de dar o Parecer da Comissão Conjunta para a criação da Secretaria. Então, acho que não cabe esse tipo de pergunta. Peço até desculpas para o meu querido amigo Carlos Roberto Comassetto por ter lhe chamado a atenção, por ter respondido aos questionamentos que ele fez, talvez da forma que ele não gostaria de ouvir. Saúde e PAZ!

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Presidente Sebastião Melo, Srs. Vereadores, senhoras e senhores, o grande problema, que eu acredito que exista nos Parlamentos, é a grande distância entre o discurso e a prática. Eu ouvi do Ver. Carlos Comassetto, integrante da Bancada do PT, a palavra dignidade, e eu acredito, Ver. Comassetto, que de nada vale pronunciar a palavra dignidade se não puder praticá-la, e eu estou falando no geral, Ver. Comassetto, não estou falando só para Vossa Excelência. Eu quero dizer que V. Exª, entre as várias críticas, fez uma crítica à política do meio ambiente, e, já que nós estamos no Dia do Meio Ambiente, não é demasiado lembrar que, quando o Partido de V. Exª estava aqui, à frente da Prefeitura Municipal, uma vasta área do Morro Santa Teresa foi completamente desmatada, árvores importantes foram dali retiradas sem que houvesse nenhum protesto, aqui, por parte de integrantes da sua Bancada.

Ver. Comassetto, quando falo de dignidade, quero dizer, exatamente, não é que os meus possam fazer aquilo que os seus não podem; eu quero dizer que aquilo que está errado deve ser punido, tanto faz quando acontece com os meus como quando acontece com os seus. O que está acontecendo, hoje, e V. Exª citou o Detran, é que aqueles que são responsáveis devem ser punidos! Falo isso, Ver. Comassetto, porque sinto assim. Agora, não me lembro, na época em que o Sr. Diógenes lesava a sociedade do Rio Grande do Sul, através do Clube da Cidadania, para favorecer o seu Partido, de nenhum pronunciamento nesta tribuna, ou em qualquer outro lugar, condenando o Sr. Diógenes, dizendo que ele e a sua máfia deveriam ser condenados, deveriam ser punidos.

Eu acho que, o que nós devemos mudar, nas relações entre todos nós que pertencemos a um determinado Partido, é exatamente isto: o outro, quando erra, tem que ser punido; quando os nossos erram, têm que ser protegidos; imediatamente a proteção é feita para não haver punição sobre os nossos. Agora, lá, no problema dos cartões corporativos, todos da Bancada de V. Exª se voltaram para proteger aqueles que fizeram mau uso do cartão corporativo. Ou no “mensalão”; quais foram os punidos nesse escândalo que lesou a sociedade brasileira? Eu me lembro que, daqueles que foram envolvidos, uns voltaram como Deputados, outros já são Ministros de novo, outros já estão aí, na verdade, mandando no País. Esta distância, Ver. João Dib, que existe entre o discurso e a prática, acredito que tem ferido de morte a nossa política. A palavra dignidade não deve apenas ser pronunciada. A palavra dignidade, Ver. Brasinha, tem que ser praticada a todo instante por todos nós. A cada vez que nós tivermos a consciência de que essa palavra deve ser mais praticada, mais nós vamos contribuir para que esta distância entre discurso e prática possa ser reduzida. E essa é uma obrigação de cada um de nós que temos assento aqui nesta Casa e dos que têm assento em outros Parlamentos.

(Não revisado pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): A Verª Maristela Maffei está com a palavra para uma Comunicação de Líder pela oposição.

 

A SRA. MARISTELA MAFFEI: Sr. Presidente, Sras Vereadoras, Srs. Vereadores, quero continuar minha fala, de ontem, com relação ao Projeto Pontal do Estaleiro. Eu ouvi alguém aqui dizer para o nosso sempre Prefeito e Vereador de Porto Alegre que Porto Alegre está muito mais adiantada em relação à questão do meio ambiente. De fato, em termos de Legislação, V. Exª tem razão, Vereador. Agora, nós sabemos que, na prática, os mecanismos estão muito aquém, ainda, daquilo que um papel aceita. E é com isso que nós temos que nos preocupar. Temos algumas áreas ainda com mata atlântica, mas muito poucas. Na nossa querida Lomba do Pinheiro, cada dia nós temos projetos, com vários investimentos sendo feitos, pensando na Lomba do Futuro, mas que, na prática, as Secretarias deixaram que ela se transformasse numa região, hoje, praticamente igual a qualquer outra, enquanto se fazia um Projeto, de oito anos - aliás, um belo Projeto, que foi protocolado ontem nesta Casa -, e que pensa o projeto do futuro, não apenas para a nossa região, como para toda a cidade de Porto Alegre. No entanto, nosso meio ambiente está lá para quem quiser ver. E nós vamos ter a oportunidade de debater sobre isso no dia 16, quando estaremos lá numa Audiência Pública na nossa região.

Mas quero voltar ao tema sobre o Projeto Pontal do Estaleiro. Ontem, eu terminava a minha fala, Ver. João Antonio Dib, referindo-me sobre a situação dos concorrentes ao leilão, que respeitaram as condicionantes, e, neste momento, eles devem se sentir lesados, porque, na época, eles tiverem que devolver dinheiro, e houve toda uma exposição pública. Então, não está aqui uma pessoa reacionária que não entende que, quando as regras não são cumpridas, há alguma coisa contra qualquer empresário - quando sérios e não especulativos.

Então, Vereador, já que estamos falando sobre o meio ambiente, e já que todo mundo faz um discurso dizendo que é a favor do meio ambiente, vamos ver na prática quem realmente é a favor, ou se é só papo, porque é aqui que nós vamos ver. E trago um exemplo: o Projeto que nós estamos vendo aqui, pelo risco de trazer um impacto ambiental negativo, ele traz um impacto ambiental negativo para a nossa Cidade. Ele está sujeito ao que dispõe o art. 237 da Lei Orgânica. O art. 237 diz o seguinte (Lê.): “Dar-se-á amplo conhecimento à população, através dos meios locais de comunicação, durante os noventa dias que antecederem sua votação, dos projetos de lei, de iniciativa de qualquer dos poderes, de cujo cumprimento puder resultar impacto ambiental negativo.”

Assim, posto que se vai decidir acerca de empreendimento em que se desconhece: a) a área total a ser construída; b) o número de pessoas que circularão no local (moradia, trabalho, turismo e lazer); c) qual o impacto na paisagem da orla e da Cidade; d) e o incremento que exigirá na circulação, que exigirá da municipalidade soluções de mobilidade que a Cidade já está exigindo nessa região, diante de outros empreendimentos de porte localizados nas proximidades. O Projeto, pelos problemas já identificados, merece a ampliação de sua discussão, o que dever ser feito mediante a promoção, Sr. Presidente, de Audiência Pública, conforme o parágrafo único do art. 237, que diz: “Por solicitação de qualquer entidade interessada em oferecer opinião ou proposta alternativa, cabe ao poder iniciador do projeto promover audiência pública, nos termos do art. 103, dentro do prazo estabelecido pelo caput.”

“Projeto de Revitalização Urbana Pontal do Estaleiro, localizado no bairro Cristal, junto à orla do Guaíba, onde se localizava o antigo Estaleiro Só. Projeto do Arquiteto, respeitadíssimo na nossa Cidade, Dr. Debiagi - Arquitetos Urbanistas. O Projeto - área total da gleba: 60.606,00 m2 - 6,06 hectares; área de matrícula - privada: 41.416,30 m2 - 4,14 hectares; área construída total, conforme o estudo: não informado; atividades previstas: não informado.

Está previsto: um loteamento, uma vez que há previsão de abertura de via pública; três lotes com área privativa, dispostos com frente para uma via marginal aos mesmos, com largura de 20 metros; uma esplanada pública ao longo da orla do Guaíba e uma marina; mantém-se um píer existente, sobre o qual serão acrescidos novos pavimentos (não formalizados no Projeto, mas que foi entregue em material promocional dirigido a nós, Vereadores desta Casa); uma via paralela à Av. Padre Cacique; a construção de seis blocos - edifícios com 13 pavimentos cada um (não formalizados no Projeto, mas que foi entregue em material promocional dirigido a nós, Vereadores desta Casa.); há a informação (não formalizada no Projeto, mas que foi entregue em material promocional) de que 33% da área total da matricula seria doada como área pública - a Lei prevê o mínimo de 35% nos casos de loteamento - art. 144.

O PDDUA, Lei nº 434/99, diz que o terreno está localizado na Macrozona 4, UEU 036, subunidade 03, em Área Especial de Interesse Cultural. Incide no local Lei Municipal específica, LC nº 470/2002. De acordo com o Modelo Espacial do PDDUA, a macrozona 4 está identificada como Cidade de Transição, devendo manter suas características predominantemente residenciais com densificação controlada e valorização da paisagem, conforme o art. 29. Por ser Área Especial de Interesse Cultural, incidem no local diretrizes formuladas pelo estudo denominado ‘Definição de Regimes urbanísticos das Áreas Especiais de Interesse Cultural’, desenvolvido pela Prefeitura Municipal, Secretaria Municipal de Cultura, Equipe de Patrimônio Histórico e Cultural Ritter dos Reis, conforme o Decreto Municipal nº 14.530/2004. As citadas diretrizes remetem à Lei nº 470/02, no entanto, especificam a altura máxima permitida de nove metros e taxa de ocupação de 50%. Entretanto, senhoras e senhores, o Projeto de Lei apresentado exige alteração na lei específica, e não atende às diretrizes citadas no Decreto Municipal. A Área Especial é patrimônio ambiental e cultural, sendo, portanto, necessário apresentar - quero retornar para nós gravarmos também isso - EVU (art. 92 do PDDUA) e o Estudo de Impacto Ambiental (art. 63) para demonstrar atendimento às peculiaridades locais - paisagem excepcional - e condições desejáveis de preservação. Pelo fato de ser considerada Área Especial de Interesse Cultural, os projetos que lá incidam, devem ser submetidos às regras de Projetos Especiais de Impacto Urbano.

Atenção, senhoras e senhores, se o Projeto for aprovado, nos termos propostos aqui nesta Casa, e assinado por 17 Vereadores, resultará em porte, volumetria e impacto ambiental que se aproximam da ocupação desejada em um corredor de centralidade, onde se estimula a ocupação intensa, com exigência de eficiência do sistema de transporte, diversidade de usos, estímulo à densificação e ao reforço de centralidades urbanas, com pólos comerciais multifuncionais, formando centros de bairro.

Portanto, senhoras e senhores, esta é apenas mais uma parte do versículo dessa extensa liturgia não-bíblica - mas quase -; de uma história de parte da vida da nossa Cidade.

Na segunda-feira, em tempo de Liderança, quero continuar, quando vou proferir sobre o impacto na infra-estrutura, qualificação do local, e mais uma finalização sobre a preocupação desta Vereadora, como Vice-Líder de Oposição, mas também como Líder da Bancada do PCdoB, das prerrogativas que nos cabem como Vereadores desta Cidade que têm que ter o olhar; têm que ter um olhar, Ver. João Antonio Dib. Tenho certeza que o senhor tem, Ver. Comassetto, a mesma preocupação que nós, de nos preocuparmos com aquilo que precisa ser melhorado, de sairmos do discurso e irmos realmente à prática, sendo Vereadores de todos os porto-alegrenses, cidadãos e cidadãs, e dos seres vivos. Muito obrigada.

(Não revisado pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): O Ver. José Ismael Heinen está com a palavra para uma Comunicação de Líder.

 

O SR. JOSÉ ISMAEL HEINEN: Exmo Sr. Presidente, nobres colegas Vereadores, público que nos assiste, há muitos dias que vou protelando, pensando, mas não podia deixar de trazer aqui o nosso problema nacional que está preocupando a todos nós, brasileiros, tenho certeza, que é o problema da nossa Amazônia. A maior riqueza mundial brasileira que está sendo ameaçada, sendo desmanchada, sendo destruída a passos tão largos que daqui a um tempo, se assim continuar, se não dermos um basta definitivo, a nossa Amazônia será totalmente desmatada, totalmente, talvez, desertificada. Isto é uma preocupação muito grande. Diversos problemas afligem a existência da Amazônia brasileira: as ONGs internacionais, as colocações feitas pelo General Heleno, que despertaram este País em relação às ONGs, em relação às demarcações indígenas, às áreas destinadas a eles, ao desmatamento, ao apropriamento indevido da madeira da Amazônia sendo levada a olhos vistos de todo mundo. As queimadas aumentando cada vez mais, acelerando o desmatamento. A preocupação mundial para com a Amazônia, querendo inclusive torná-la patrimônio da humanidade, querendo tirá-la do foco brasileiro, tem muito a ver devido à nossa inconsistência de tomarmos uma decisão nacionalista verdadeira de preservarmos essa riqueza que premia a vida de toda a humanidade. Nós temos esse aquecimento global, a camada de ozônio sendo desmanchada, logicamente pelos malefícios causados pela exploração do carvão, do petróleo, mas também o desmatamento da Amazônia está contribuindo em muito para esse aquecimento global, o que afeta a saúde de todos nós, humanos, que habitamos o planeta Terra.

O que nos preocupa, e as outras notícias estão vindo, é o comportamento dessas ONGs internacionais que usam e abusam da displicência administrativa do nosso Governo. Localizam-se em áreas de diamante, de ouro, de riquezas, como se a área fosse deles; pseudo-ajudas internacionais para justamente se apropriarem da Amazônia e criarem, futuramente - eu tenho certeza, se isso assim continuar -, pequenas nações dentro da nossa Amazônia. Nações indígenas, nações de ONGs, nações internacionais, nações estrangeiras haverão de florescer em troca da mata da nossa Amazônia, se nós não dermos novamente o grito nacionalista que essa Amazônia é brasileira; ela é nossa, e não podemos tolerar, mas também temos que ter a responsabilidade, Ver. Luiz Braz, de cuidarmos da Amazônia como ela tem que ser cuidada, como um patrimônio brasileiro e também mundial. Preocupa muito, é uma escalada de anos e anos Amazônia adentro, e ela está-se intensificando. As clareiras estão sendo abertas, queimadas estão sendo feitas; cada vez mais, está sendo sucateada a madeira, e o patrimônio também.

Então, é esta a preocupação que nós, democratas, estamos sentindo, esse desleixo na fiscalização, a falta de política séria.

No início da nossa gestão, quando fizemos uma Menção Honrosa à Ministra Marina Silva, naquele momento, eu já dizia, votei a favor, porque eu torcia por ela, mas dizia que ela estava perdendo a guerra da Amazônia quanto ao seu desmatamento. Isso agora veio a se comprovar. Foi dito pelo Adjunto da Ministra, que o meio ambiente, a Amazônia, são tratados com desinteresse, em segundo plano, pelo Governo Lula - dito lá na posse do novo Ministro do Meio Ambiente.

Então, são esses fatos que nos preocupam muito, porque a nossa geração, por certo, será a responsável também, amanhã ou depois, pelo desaparecimento desse pulmão mundial, dessa riqueza monumental que é a Amazônia, e o que ela tem lá, porque ela é nossa, ela tem de ser nossa, mas temos de ter a responsabilidade de cuidar dela, para que ela seja auto-sustentável quanto ao seu reflorestamento, pois nós não podemos perder mais um centímetro de matas da nossa Amazônia, sob pena de pagarmos caro, no futuro, e a nossa geração ser acusada de co-responsável, por não denunciarmos, por não fiscalizarmos essa política que não vê nada, que não sabe de nada.

Mas as fotos estão sendo tiradas, aéreas, do desmatamento intensivo, crescente, cada vez mais, da nossa Amazônia. Era isso, muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Sebastião Melo): Com as presenças dos Vereadores Ismael Heinen, Alceu Brasinha, João Antonio Dib, Adeli Sell, Carlos Comassetto, Maristela Maffei, Claudio Sebenelo, Haroldo de Souza, Luiz Braz, encerramos os trabalhos da presente Sessão por falta de quórum.

 

(Encerra-se a Sessão às 17h02min.)

 

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